Quem nunca em Belém usou plantas medicinais para um chá, que aprendeu com a mãe ou com a avó para tratar uma dor de cabeça? Ou soube de alguma planta, folha, flor ou raiz cujo uso era bom para tratar determinada doença? O uso de plantas medicinais é algo que faz parte da sabedoria popular e está presente na ancestralidade do belenense.
Foi pensando na união do poder terapêutico das plantas medicinais da Amazônia, da sabedoria popular e do conhecimento científico, que a Prefeitura de Belém, em parceria com a Universidade Federal do Pará (Ufpa), promove o programa Farmácia Nativa.
Agora mais um passo foi dado para a implementação do programa na saúde pública municipal da cidade. O Farmácia Nativa foi submetido e acabou de ser aprovado no edital do Sistema Único de Saúde (SUS) do Ministério da Saúde. Belém ficou entre as seis cidades aprovadas no processo, sendo a única capital. Os demais municípios foram: Brejo do Madre de Deus (PE), Macaé (RJ), São Gotardo (MG), Três Rios (RJ) e Uberaba (MG).
O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, comemorou a aprovação do programa no edital do SUS. “A participação em um edital nacional e ter sido classificada entre os seis municípios aprovados, sendo Belém a única capital, só mostra a competência dos nossos profissionais e a importância do programa Farmácia Nativa”, realça.
Ainda para o prefeito falar do tema não é somente tratar sobre ciência, tecnologia na área de fármacos. "Mas também em agricultura urbana, em viabilizar uma transição agroecológica, em geração de emprego e saúde. É um tipo de desenvolvimento voltado aos sete objetivos do desenvolvimento sustentável", destaca Edmilson Rodrigues.
O Farmácia Nativa prevê o cultivo de plantas medicinais, o beneficiamento, a produção de medicamentos fitoterápicos, o controle de qualidade e a dispensação destes medicamentos para as unidades básicas de saúde do município à distribuição gratuita à população.
A aprovação do programa no edital vai garantir recursos para a implementação do programa na capital, já que ele visa apoiar a estruturação de projetos que contribuem para garantir o acesso de usuários do SUS a fitoterápicos com qualidade, segurança e eficácia, conforme a Política e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF).
Na Prefeitura de Belém o projeto é realizado por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Secretaria de Meio Ambiente (Semma), Secretaria de Administração (Semad), Coordenação das Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional (Copsan), Secretaria Municipal de Educação (Semec) e da Fundação Escola Bosque (Funbosque).
Resgate do programa - Criado durante a última gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, o programa Farmácia Nativa trabalhava desde o cultivo de plantas medicinais até a dispensação de medicamentos fitoterápicos nas unidades de saúde.
Porém, com o passar dos anos e a passagem por outras gestões municipais, o programa não foi adiante. Retomado nesta nova gestão do prefeito Edmilson, o programa prevê a abertura de hortos municipais para o cultivo orgânico das plantas medicinais.
Hortos de produção do Farmácia Nativa - O programa já conta com um horto de plantas medicinais, instalado na granja Modelo, onde estão sendo cultivados três espécies de plantas medicinais. Em breve, acontecerá a primeira colheita. O próximo passo será o beneficiamento da planta medicinal em medicamentos fitoterápicos.
O controle de qualidade será feito pela Faculdade de Farmácia da UFPA para, então, ser dispensado para as unidades de saúde do município, onde os usuários terão acesso a esses medicamentos.
Outro horto do programa Farmácia Nativa será montado na Unidade Municipal de Saúde Paraíso dos Pássaros, no bairro da Maracangalha. O espaço já está passando por análises de engenharia e de agronomia, dentro das normas de segurança, para que haja a produção de plantas medicinais.
Outro horto deverá ser montado na Escola Bosque, em Outeiro, onde também será montado o laboratório do projeto.
Os hortos de produção também servirão como espaços terapêuticos não farmacológicos para a população e poderá receber visita dos estudantes para educação em saúde e meio ambiente.
Para o presidente da Funbosque, Alickson Lopes, o desenvolvimento do Farmácia Nativa articula o conhecimento ancestral com o científico. "Tudo isso é feito dentro de uma linguagem científica, com o acompanhamento técnico especializado. Belém, portanto, se torna uma referência nessa perspectiva de um futuro e valorização do conhecimento do passado", complementa.
A coordenadora do programa Farmácia Nativa, Flávia Moraes, reforça que a atuação do Governo Municipal na área da fitoterapia e outras práticas terapêuticas não convencionais contribuem para ampliar o acesso de usuários do SUS a outras alternativas terapêuticas.
"Os medicamentos fitoterápicos produzidos no programa Farmácia Nativa serão obtidos por meio de uma cadeia produtiva local, garantindo eficácia, qualidade e segurança, além do acompanhamento de um profissional da saúde, estimulando o uso racional de plantas medicinais e de fitoterápicos. Conseguimos estabelecer parcerias importantes que vão nos auxiliar no cultivo, beneficiamento, na qualidade, na produção desses medicamentos fitoterápicos e também na análise científica", ressalta a coordenadora do Farmácia Nativa.
Allium sativum (alho);
Aloe Vera (babosa);
Alpinia zerumbet (colônia);
Curcuma longa (açafrão);
Cymbopogon citratus (capim santo); Plectranthus barbatus (boldo brasileiro); e
Zingiber officinale Roscos (gengibre).
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Ag. Belém
26/02/2024 | 18:40
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