A aluna de enfermagem Fernanda Gatinho (d) fazendo a testagem com moradora da Terra FirmeA Universidade do Estado do Pará (Uepa) começou nesta terça-feira (30) a primeira etapa da pesquisa epidemiológica que vai traçar o perfil de prevalência e infecção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da Covid-19, no Estado do Pará. A pesquisa será feita a partir da atuação de 208 estudantes da área da saúde, vinculados ao curso de Enfermagem da instituição. Eles executarão o processo de coleta de dados nas ruas de todo o território paraense.
A pesquisa epidemiológica é uma iniciativa do Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), e visa identificar a predominância e a velocidade de proliferação do vírus. “A ideia do governador é que a Secretaria de Saúde possa ter um panorama da situação da Covid-19 no Estado, pois é importante ressaltar que o Pará tem uma dimensão continental. Portanto, a pesquisa dará um perfil de todo o território nas suas diversas regiões, e assim as políticas públicas poderão ser mais assertivas com relação ao avanço da pandemia no Estado”, afirmou o vice-reitor da Uepa, Clay Chagas.
O levantamento epidemiológico será realizado em três etapas, envolvendo oito regiões e 52 municípios, das zonas rural e urbana. A primeira etapa começou pela Região Metropolitana de Belém e prosseguirá até o dia 11 de julho em dez setores censitários, que envolvem os bairros da Condor, Cremação, Guamá, Canudos, Terra Firme e Jurunas, na capital, além do Paar, Distrito Industrial, Cidade Nova e Maguari, no município de Ananindeua.
O objetivo é fazer, aproximadamente, nove mil testes em cada uma das etapas da pesquisa, além da aplicação de questionários sociais. “O objetivo é saber o quantitativo de pessoas infectadas ou não, além da expansão do vírus no Estado, para que possamos ter uma noção real da situação. Portanto, o resultado dos dados epidemiológicos poderá proporcionar a criação de políticas públicas direcionadas para as regiões de maior prevalência do vírus”, disse a diretora técnica da Sespa, Maitê Gadelha.
Após a finalização da primeira etapa da pesquisa epidemiológica, será iniciado, em aproximadamente 15 ou 20 dias, o processo de preparação e logística para execução do segundo momento: a coleta de dados nos municípios da zona rural do Pará.
Os alunos também coletam informações com as pessoas abordadas por meio de um questionárioColeta nas ruas – Doze alunos do curso de Enfermagem da Uepa foram treinados e capacitados para a abordagem às famílias nos dez setores censitários selecionados para a realização da pesquisa.
Alguns estudantes voluntários são moradores dos bairros integrantes desse mapeamento. É o caso da aluna do 4º semestre do curso de Enfermagem da Uepa, Fernanda Gatinho, moradora da Terra Firme. Ela atua fazendo dez testes e questionários sociais por dia com famílias do bairro. “Acredito que tudo que aprendi até agora durante meu curso me preparou para estar aqui hoje, pronta para dar um retorno social de todo o meu aprendizado para a população paraense e, no meu caso específico, a vizinhos e conhecidos do lugar onde eu moro”, disse Fernanda. A aluna é a primeira integrante da sua família a cursar o ensino superior e a única universitária da rua onde mora.
Nesse processo, apesar de algumas resistências, a grande maioria das famílias já abordadas reconheceu a importância e relevância social da pesquisa epidemiológica. “Penso que receber a equipe da Universidade para realização da pesquisa, que pode me proporcionar fazer um teste referente à Covid-19 gratuitamente, é de grande valor para nós, pois é uma forma de o governo poder visualizar melhor qual a real situação desse vírus no nosso Estado, além de nos oferecer informações necessárias com relação às formas de prevenção que devemos assumir no nosso cotidiano”, disse a professora do ensino fundamental Isadora Cristina Rodrigues.
Treinamento - A Uepa, em parceria com o Instituto Acertar, realizou nos dias 24 e 29 de junho o treinamento dos coordenadores, docentes e discentes do curso de Enfermagem que participam da coleta de dados da pesquisa.
“Penso que a parceria com a Uepa para fazer um estudo dessa magnitude é de grande valor, no sentido de levar em consideração que a instituição acadêmica é a base para a sociedade ter acesso a informações mais sistematizadas e organizadas, além de legitimadas pelo fazer científico. Portanto, além de uma pesquisa, também é uma ação social da Universidade que funcionará como possibilidade de ganho de experiência profissional para os discentes”, ressaltou o sociólogo do Instituto Acertar, Américo Canto.
Equipe de alunos voluntários já está nas ruas para traçar perfil da Covid-19 no EstadoTodos os alunos e professores do curso de Enfermagem da Uepa participam como voluntários na pesquisa epidemiológica. “Nossos alunos são orientados a olhar para sua prática profissional a partir dos conceitos da humanização, que são tão importantes para nossa profissão. Portanto, esse momento de pandemia se configura como uma grande oportunidade acadêmica, profissional, social e humana para todos que irão participar da coleta de dados nas ruas do Estado do Pará”, destacou a coordenadora do Departamento de Enfermagem Comunitária da Uepa, Lidiane Vasconcelos.
O treinamento foi um momento para orientação em relação ao uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), abordagem dos alunos nos domicílios e parte prática do teste, como forma de aperfeiçoar a técnica.
Além de a pesquisa epidemiológica funcionar como ação de saúde, também se configura como uma ação educacional e pedagógica para os discentes. Junto com a realização dos testes e do questionário social, os alunos foram orientados a repassar informações de prevenção à doença. “Sabemos que essa pesquisa também pode ser um momento de educar a população, através das orientações de prevenção que passamos para nossos discentes, e eles irão repassar para as famílias abordadas durante a coleta de dados, pois essas informações são de grande importância para o enfrentamento da pandemia no dia a dia”, disse a coordenadora do curso de Enfermagem da Uepa, Margareth Bittencourt.
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Agência Pará
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