O XXI Festival de Ópera do Theatro da Paz entra na reta final da temporada de uma forma mais que especial: com Armide, de Jean-Baptiste Lully, uma ópera barroca nunca antes encenada no Brasil. Também é a primeira vez que o Festival recebe o estilo nesses 21 anos de existência. Com um investimento de R$ 1,5 milhão na montagem das três óperas executadas desde o início do ano, o Festival gerou 450 empregos diretos e direcionou R$ 200 mil, por meio do Projeto Sons de Liberdade, para a capacitação de 80 egressos do Sistema Penitenciário.
O secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas, disse que "além desse investimento, implementamos e fortificamos o programa de formação Sons de Liberdade, uma parceria com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap). Fizemos a contratação e o aproveitamento dessa mão de obra e, acima de tudo, promovemos o fomento dessa cadeia produtiva e a ativamos depois de um período difícil de pandemia. O Theatro da Paz abre suas portas nesse encerramento do Festival com o ânimo renovado para a próxima edição". Segundo ele, a previsão é que o Festival de Ópera 2023 inicie em março com as primeiras récitas, com ensaios no final de janeiro.
Diferencial - Para o diretor do Theatro e do Festival de Ópera, Daniel Araújo, o ineditismo da ópera Armide é o grande diferencial desse encerramento. "Deu certo trabalho para reproduzir a sonoridade. Alguns instrumentos precisaram ser adaptados. As cordas foram trazidas do exterior. Tudo isso para nos mantermos fiéis à questão estilística. Tivemos também a contratação de quatro egressas do Sistema Prisional, que foram nossas alunas no Projeto Sons de Liberdade, além de uma quinta pessoa que trabalhou com visagismo. Essas contratações ocorreram graças a uma parceria que temos com a Embaixada da Áustria no Brasil, que aportou um recurso para pagar o salário dessas pessoas. É um projeto em que vimos a semente plantada, e agora estamos colhendo os frutos", contou o diretor.
Segundo Jena Vieira, diretora artística do Festival, trazer uma ópera barroca pela primeira vez ao Festival foi gratificante. "Todos os anos é um desafio, mas este ano foi especial. Esse tipo de ópera exige não apenas vozes e estilo diferenciados, mas também uma orquestra com sonoridade barroca. Tivemos que buscar cordas de tripa, arcos antigos e músicos que toquem esse estilo. Já fizemos óperas clássicas, românticas, modernas, mas nunca tínhamos trazido a gênese da ópera: o barroco. Se você coloca em perspectiva, Belém não tinha nem 80 anos quando Armide foi encenada pela primeira vez. Está tudo lindamente preparado para receber o público nas próximas apresentações. Quem vier, pode esperar uma sonoridade e estilo diferentes, e toda uma forma de cantar única", explicou.
O professor de Música Milton Monté foi prestigiar a encenação e disse ter ficado encantado com o resultado da ópera. "É um sonho para todos que gostam desse tipo de repertório. Aqui vimos uma orquestra maravilhosa, um grupo de solistas muito bem treinado. É uma ópera que possui uma instrumentação muito específica. É bem difícil, requer muito estudo, muitos anos dedicados a esses instrumentos. Então, é um privilégio para nós que estamos na plateia", frisou.
A ópera Armide ainda será encenada nos dias 02 e 04 de dezembro, a partir de 20 h. A venda de ingressos será feita na bilheteria do Theatro da Paz ou por meio do site www.ticketfacil.com.br.
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Ag. Pará
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