Açaí do Pará é destaque em programa de culinária da Rede Globo

Na noite desta quinta-feira (4), o programa Mestre do Sabor, da Rede Globo, exibiu o trabalho de extrativismo de açaí nas ilhas de Belém, desenvolvido pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). “O açaí é uma fruta da Amazônia que conquistou todo o Brasil”, anunciou o apresentador Claude Claude Troisgros, chef de cozinha. 

Edna dos Anjos, mais conhecida como “Bézinha”, de 55 anos, agricultora atendida pela Emater há mais de uma década, mostrou aos participantes da disputa culinária e aos milhões de telespectadores um pouco da sua rotina: “Sou extrativista e peconheira, né? Aprendi com meu pai e com a minha mãe. Já são pelo menos quatro gerações da nossa família nesta tradição. O açaí pra mim é tudo. Um 'ouro preto'”, diz a moradora da Ilha da Jussara que, com a peconha nos pés, espécie de cinto feito com folhas resistentes, é capaz de subir palmeiras de 15 ou 20 metros em poucos minutos. 

Proprietária do sítio Rainha dos Corações, Bézinha mora com a neta, Isabela Siqueira, 20, e o bisneto, João Artur, de 4 meses. A propriedade tem três hectares com plantações de açaí, andiroba, cacau e seringueira.

O açaí é manejado, a partir da orientação da Emater. Os sobrinhos ajudam, mas ela ainda contrata amigos como mão-de-obra suplementar. Durante a safra, são colhidos até 600 quilos por mês. Na entressafra, o número cai para 250 quilos.

Todo dia, uma parte do fruto é vendida in natura pelos filhos no Ver-o-Peso e outra, batida, direto para o consumidor final, em pontos comerciais de bandeira vermelha que a família possui. 

Ilhas - O território de Belém é formado por 42 ilhas. A população gira em torno de 12 mil pessoas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A Emater atende regularmente 500 famílias, de oito ilhas. “Porém, com disponibilidade imediata para atender as demais, conforme demanda”, pontua o chefe do escritório local da Emater, o veterinário Lázaro José Silva.

Nos últimos anos, por exemplo, projetos da Emater significaram quase R$ 1 milhão de crédito rural, das linhas 'B' e 'Floresta' do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). 

"Hoje, dado todo o acompanhamento da Emater, o açaí é a principal alimentação das famílias e 95% da base da economia das Ilhas”, avalia o diretor técnico da Emater, Rosival Possidônio. 

O manejo também é um diferencial na cadeia produtiva. A intervenção consiste na eliminação de algumas espécies concomitante à preservação de outras, dentro de um espaçamento calculado e sob a perspectiva de diversidade ambiental e enriquecimento nutricional do solo. 

De acordo com o engenheiro agrônomo da Emater Lucival Solin, responsável pelo atendimento nas ilhas-sul, cada hectare de açaí manejado naquela região balneária chega a render quatro toneladas do fruto e R$ 12 mil na safra total (de julho a dezembro), com venda  nos portos. Com o manejo, a produção no mínimo dobra e a retirada mesmo na entressafra (de janeiro a junho) é garantida.  

"O manejo de açaí nativo de várzea tem todo um princípio agroecológico, pelo qual se respeita o convívio entre solo, clima, fauna e flora. Valorizamos o conhecimento tradicional dessa interação: não se busca a resposta intensa do sistema pela produção/produtividade, e sim a manutenção da biodiversidade e do clímax ambiental, com produção satisfatória e retorno financeiro excelente”, explana. 

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^{Agência Pará}