Coveiros enterram pessoas que morreram de covid-19 no Rio de JaneiroExatos cem dias após o primeiro caso registrado, o Brasil ultrapassou nesta quinta-feira (04/06) a Itália e tornou-se o terceiro país com mais mortes pela covid-19, após atingir um novo recorde diário de 1.473 óbitos nas últimas 24 horas, segundo os dados do Ministério da Saúde.
No total, o Brasil contabiliza 34.021 mortes e 614.941 casos confirmados, entre os quais 254.963 já recuperados e 325.957 ainda sob acompanhamento médico.
Tendo em conta os dados desta quinta-feira, a covid-19 já mata mais de um brasileiro por minuto. Especialistas da área de saúde afirmam, porém, que os números reais devem ser bem maiores devido à falta de testes.
Do total de infectados, 30.925 foram registados nas últimas 24 horas, comunicou na noite de quinta-feira o Ministério da Saúde, com três horas de atraso em relação ao horário normal de divulgação.
Em relação ao número de mortes, o Brasil está apenas atrás dos Estados Unidos (108.211) e do Reino Unido (39.987). O país ocupa a segunda posição mundial no número de casos diagnosticados, segundo a Universidade Johns Hopkins.
A Itália, que foi um dos epicentros da pandemia na Europa, tem agora 33.689 mortes por covid-19. Enquanto em muitos países europeus a curva gráfica da evolução da epidemia "achatou", no Brasil ela continua subindo, o que indica que as próximas semanas serão ainda mais trágicas no país.
O aumento no número de mortes e de infectados ocorre num momento em que governadores e prefeitos têm anunciado a flexibilização das medidas de isolamento social, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas ou Distrito Federal.
São Paulo, maior foco da covid-19 no país, concentra oficialmente 129.200 casos de infeção e 8.560 mortos, sendo seguido pelo Rio de Janeiro, que totaliza 60.932 pessoas diagnosticadas e 6.327 óbitos.
Todas as 27 unidades federais do Brasil já ultrapassaram os mil casos da doença causada pelo novo coronavírus.
Segundo um estudo da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil é o único país entre os dez mais afetados que manteve o crescimento do número de casos e de mortes passados 50 dias do início da pandemia e, atualmente, passados cem dias, tem a maior curva ascendente de contágios no mundo.
"A partir do dia 50 esses países colocaram o pé no freio, e nós não. Somos os únicos que seguimos com o pé no acelerador", afirmou o coordenador do estudo, professor Domingo Alves.
O presidente da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR), Francesco Roca, afirmou que o Brasil é uma das principais preocupações do organismo humanitário porque "muita gente morre e nada indica que a curva vá se reduzir".
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AS/lusa/afp/efe
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