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Poder

Trump ameaça acionar Forças Armadas para conter protestos

No 7º dia de manifestações antirracismo, presidente critica inação de governadores e promete enviar milhares de soldados para pôr fim a distúrbios. Visita de Trump a igreja é criticada como tentativa de autopromoção.

Donald Trump posa para fotógrafos com uma Bíblia em frente à igreja de St. John, em WashingtonO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou enviar as Forças Armadas para conter protestos antirracismo no país, que continuaram pela sétima noite seguida nesta segunda-feira (01/06). O líder da Casa Branca disse que irá destacar milhares de soldados para as ruas de Washington, além de enviar tropas para os estados onde a situação estaria fora de controle.

As manifestações em várias cidades do país tiveram início após a morte de George Floyd, um homem negro desarmado que morreu após ser asfixiado por um policial na cidade de Minneapolis. Uma autópsia independente realizada na Universidade do Michigan confirmou a morte por asfixia.

Os protestos mais intensos das últimas décadas nos EUA se espalharam por dezenas de cidades, incluindo Los Angeles e Nova York.

Após ser criticado por silenciar sobre a crise que eclodiu após a morte de Floyd, Trump fez um pronunciamento à nação nesta segunda-feira, no jardim da Casa Branca, enquanto policiais dispersavam com bombas de gás lacrimogêneo manifestantes que protestavam pacificamente do lado de fora.

"Estou enviando milhares e milhares de soldados fortemente armados, equipes militares e oficiais da lei para pôr fim aos protestos, saques, vandalismos, agressões e destruições arbitrárias de propriedades", disse o presidente.

Ele considerou os distúrbios ocorridos na capital na noite anterior como uma "desgraça total" e pediu que governadores "tomem o controle das ruas". "Se uma cidade ou estado se recusar a tomar as ações necessárias para defender a vida e a propriedade de seus moradores, enviarei as Forças Armadas dos EUA e resolverei rapidamente o problema para eles."

Durante o pronunciamento, a polícia dispersava uma multidão nas proximidades da Casa Branca para que Trump pudesse caminhar pela rua até a igreja de St. John, que foi parcialmente atingida por um incêndio e pichada na noite anterior.

No local, Trump posou para fotógrafos com uma Bíblia na mão, em frente às janelas da igreja cobertas por tapumes. A atitude foi severamente criticada por adversários políticos e autoridades eclesiásticas.

"Ele está usando as Forças Armadas americanas contra o povo americano", afirmou o candidato democrata à presidência, Joe Biden. "Ele atacou manifestantes pacíficos com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Para uma foto. Pelas nossas crianças, pela alma de nosso país, devemos derrotá-lo."

O bispo da diocese local em Washington, Michael Curry, acusou Trump de usar a visita à igreja para se autopromover. "Ao fazê-lo, ele usou o edifício da igreja e a Bíblia Sagrada para propósitos político-partidários" declarou, através do Twitter.

A bispa episcopal de Washington, Mariann Budde, afirmou estar "indignada" com a visita de Trump, afirmando que ele não tinha permissão para fazê-lo.

Sobre a ação policial contra os manifestantes, a Casa Branca informou que a polícia agiu para liberar a área antes do toque de recolher na capital.

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RC/afp/rtr