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Poder

REDE Sustentabilidade apela por autonomia tática em coligações eleitorais

Federação PSOL-REDE enfrenta tensões internas sobre alianças políticas nas eleições municipais

Belém (PA), 25/08/24 - A Federação PSOL-REDE, um alinhamento entre dois partidos de esquerda no Brasil, está em meio a um debate interno sobre a autonomia das direções municipais na formação de alianças para as eleições municipais de 2024. Uma carta divulgada pela Executiva do partido REDE Sustentabilidade no Estado do Pará detalha o conflito em torno da Resolução 007/2024, que regula as coligações e a formação de listas de candidatos.

A resolução permite alianças somente com partidos considerados de esquerda, a menos que uma exceção seja autorizada pela Direção Estadual após uma análise política local. Este ponto se tornou uma fonte de tensão, com a REDE defendendo maior liberdade para suas direções locais formarem alianças que consideram benéficas para suas estratégias políticas específicas.

Desafios e Conflitos Internos - Segundo a carta, a REDE no Pará enfrentou impugnações unilaterais de coligações e anulação de deliberações em sete instâncias municipais, sem notificação prévia às direções municipais ou garantia de direito de recurso. A situação levantou questões sobre a censura interna e a limitação da autonomia partidária dentro da federação.

"Não nos calaremos diante desse arbítrio e seguiremos em defesa da liberdade e da democracia", afirma a Executiva da REDE no documento, pedindo o fim da censura à sua política de alianças e a garantia de direitos políticos aos seus candidatos e aliados.

Leia a Carta na íntegra:

CARTA PELA MANUTENÇÃO DA AUTONOMIA TÁTICA DAS DIREÇÕES MUNICIPAIS DA REDE JUNTO A FEDERAÇÃO COM O PSOL NAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS

A Resolução 007/2024, da Federação PSOL - REDE, disciplina as coligações e a formação de listas de candidatos nas eleições majoritárias e proporcionais na Eleição 2024.

De acordo com ela, toda e qualquer aliança com partidos que sejam “de esquerda”, está autorizada; as demais não seriam autorizadas. Esse cerco de ferro condicionaria a REDE aos interesses táticos do PSOL. Contudo, a resolução abre uma brecha: possibilita outras alianças para ampliar o leque, desde que autorizadas pela Direção Estadual da Federação, após uma avaliação política local.

A REDE Sustentabilidade é um partido progressista de orientação aberta, não dogmática. Entende que o marco entre “esquerda” e “direita” precisa ser redesenhado e acredita na capacidade das direções locais em, a partir de uma análise territorial, escolher a melhor forma do partido incidir na realidade concreta a partir das condições em que ela se apresenta. Isso implica na conformação de arranjos políticos que possibilitem ao partido crescer estabelecendo as alianças táticas possíveis. Cada conjuntura deve ser lida, interpretada, e para ela, deve ser traçada uma política específica. É assim que dirigentes políticos devem proceder. As fronteiras da política não podem ser traçadas por decretos ou resoluções, mas a partir da vivência concreta do partido em cada realidade.

Foi desse modo que a REDE conduziu sua política de alianças no interior do Pará. Mas fomos surpreendidos com pedidos de impugnação unilateral da validade de coligação e com a anulação de deliberações em sete instâncias municipais. Isso foi feito sem que houvesse notificação às Direções Municípais sobre a decisão nem garantia do direito de recurso, ainda que na maioria desses municípios tenhamos priorizado as alianças com a Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV) e em vários deles sejamos a maioria na Federação.

Os companheiros do PSOL que formam maioria na Direção da Federação no Pará não deram sequer direito de recurso dessa decisão unilateral. O mesmo ocorreu em Curralinho, Dom Eliseu, Santo Antônio do Tauá, Terra Alta, Jacareacanga, São Domingos do Capim e Ipixuna do Pará, importando em graves prejuízos políticos para a REDE, para os candidatos e para os demais partidos que integram as alianças.

Em nome do bom senso e da autonomia partidária que a formação de uma Federação não anula, a REDE Sustentabilidade apela pelo fim da censura à sua política de alianças e pela garantia de direitos políticos aos seus candidatos e aliados. Não nos calaremos diante desse arbítrio e seguiremos em defesa da liberdade e da democracia.


Belém, 24 de agosto de 2024
Executiva do partido REDE Sustentabilidade no Estado do Pará