Para muitos paraenses, junho é um dos meses mais aguardados do ano, por trazer as tradicionais quadrilhas, apresentações de pássaros, comidas típicas bem características dessa data e os arrastões de rua. Com a pandemia, desde 2020, muitas programações foram suspensas ou adaptadas para o ambiente virtual. Este ano, o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), preparou conteúdos temáticos para celebrar a quadra junina, com destaque para projetos desse segmento apoiados com recursos da Lei Aldir Blanc, que serão veiculados de 23 a 30 de junho, pelas plataformas digitais da Secretaria.
A programação digital conta com a apresentação de projetos aprovados nos editais da Lei Aldir Blanc relacionados aos pássaros juninos, quadrilhas e bois-bumbás; além de drops na TV Cultura do Pará. “As festas juninas são um momento de encontro da cultura popular com seu povo, uma espécie de congraçamento, um Preamar de sotaques de diversas manifestações. Os conteúdos veiculados darão ao nosso público uma amostragem geral dos trabalhos dos fazedores e fazedoras de cultura do Estado. Há uma diversidade gigante de manifestações e municípios que poderão ser conferidos”, garantiu Adriano Barroso, diretor de Artes Cênicas da Secult.
A secretária de Estado de Cultura, Ursula Vidal, destacou a importância dos editais para potencializar a cultura popular neste momento. “As manifestações da cultura popular estão entre as expressões mais ricas de nossa identidade. Já entramos no segundo ano da pandemia - o segundo mês de junho sem nossas quadrilhas, bumbás e pássaros nas ruas, nos palcos, acendendo a fogueira da arte no coração da gente. Os editais de fomento foram uma importante ferramenta para manter vivo o trabalho criativo dos coletivos ligados às tradições juninas, que tiveram que reinventar modelos de acesso ao seu processo criativo e artístico. Agora teremos nas plataformas - e de maneira perene e descentralizada - uma bonita mostra da produção da cultura popular no Pará”, pontuou.
Pela Lei Aldir Blanc, foram 57 prêmios voltados para projetos com a temática junina, desse total, 29 beneficiaram proponentes femininas e 28 beneficiaram proponentes masculinos. Entre as regiões de integração do Pará, tiveram destaque a Guajará, Guamá, Tucuruí, Marajó, Caeté, Rio Capim, Tapajós e Tocantins. Os projetos foram inscritos tanto em editais da Secult quanto naqueles executados pelas Organizações da Sociedade Civil, e o total investido foi de R$ 1.321.000,00.
Já o Preamar de Arte e Cultura investiu R$ 224.000,00 em oito projetos aprovados nos municípios de Belém, São Caetano de Odivelas, Ourém, Trairão e Acará, sendo 50% destinados a proponentes femininas.
Para o diretor de Música da Secult, Alan Carvalho, mesmo com a pandemia, o trabalho dos artistas paraenses consegue florescer, seja de maneira virtual ou presencial com pouco público. “Isso também é possível com a contribuição de leis como a Aldir Blanc, uma vitória popular de vários parceiros, como a própria Secult Pará, que esteve empenhada nessa luta a nível nacional. E quando olhamos para os contemplados, ficamos muito felizes ao vermos o quanto os bois-bumbás, os pássaros e as quadrilhas estão presentes. Não só projetos da capital, como do interior do Estado”, frisou.
O “Cultura e dança: a quadrilha Cheiro Verde em um espetáculo de amor e esperança”, de Oeiras do Pará, na R.I. Tocantins, foi um dos projetos beneficiados com os recursos da Lei. Fundada em março de 1997, a quadrilha Cheiro Verde foi criada para levar os festejos juninos às ruas e às escolas do município. Diante do cenário pandêmico, o grupo precisou se reconstruir e, atualmente, 90% dos brincantes da quadrilha são de novos integrantes. “Para muitos, é a primeira experiência com a dança, mas o que nos motiva é que todos que chegam estão no grupo por amor aos festejos juninos. Hoje, temos no elenco do espetáculo dançarinos, coreógrafos e coordenadores, totalizando 40 pessoas”, explica a proponente do projeto, Najara Amaro.
Contemplado no edital Culturas Populares, executado pela Fundação Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia (Fidesa), o grupo retomou os ensaios em maio deste ano, a partir da flexibilização das medidas sanitárias no município. A convite da prefeitura local, haverá uma apresentação no dia 30 de junho, que marcará o encerramento dos festejos juninos na cidade e o início da contrapartida do projeto.
Para Najara, o incentivo oportunizado pela Lei Aldir Blanc foi “um fio de esperança” para o grupo, que se fortaleceu com a possibilidade vivenciar o período junino outra vez, mesmo com um público menor. Segundo a proponente, o valor recebido contribuiu para financiar trajes de qualidade para os dançarinos, cenários mais elaborados e outros recursos materiais essenciais à quadrilha. Unidos pelo lema “Força, Garra, Raça e União”, o grupo promete entregar apresentações emocionantes em breve à população.
“A quadra junina acende nossas emoções, nos fortalece como grupo e reforça laços de amizade. O cansaço e o excesso de trabalho são compensados pelo frio na barriga e pelo arrepio que sentimos quando a quadrilha começa a dançar. É algo inexplicável, só quem ama sente. O coração acelera e o amor por um grupo e pela tradição se transformam em risos e lagrimas de felicidade por vermos que deu certo. Quando lembramos de tudo o que o grupo já viveu, dos títulos, das derrotas, isso nos fortalece. Ver que o dia do nosso retorno se aproxima, diante de um cenário tão triste de muitas perdas, de muitas dores, é a certeza que precisamos continuar, voltar a traduzir para as pessoas que nos assistem essa alegria, esse amor e essa esperança”, completou a dançarina.
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Agência Pará
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