O cronograma de obras do governo do Pará, não deixou de lado os equipamentos de cultura, que nos últimos dois anos e meio foram alvo de ações de valorização, manutenção, melhorias ou investimentos para o fomento do setor e preservação da memória. A psicóloga Lorena Magno afirma ter uma relação de carinho com um deles, o Cine Líbero Luxardo, espaço bastante popular entre os cinéfilos, que funciona no prédio da Fundação Cultural do Pará (FCP), e conhecido por exibir filmes fora do circuito comercial, festivais e mostras de cinema nacional e internacional.
“É um espaço de acesso a filmes nacionais e internacionais que não estavam no circuito comercial e festivais com filmes premiados em eventos fora do país. Além da questão do preço mais acessível, sendo que na noite de estreia os estudantes não precisavam pagar o ingresso, várias coisas ali favorecem a cultura da sétima arte de uma forma mais democrática, fora os encontros com os amigos, que compartilhavam da mesma paixão pelo cinema, então ali é também ponto de encontro, gente que a gente conhecia da fila, só encontrava lá", relata Lorena. O Líbero tem seus frequentadores assíduos, está no coração de todo mundo que está sentindo muita falta. Ele é menor, mais acolhedor. É um evento em si: tem que se planejar pra ir", confirma a psicóloga.
Amigas e apaixonadas pelo Theatro da Paz há vários anos, a jornalista Ercília Wanzeller e a executiva Fernanda Fiúza desenvolveram diferentes relações com o espaço histórico.
“Sempre fui apaixonada pelo TP, pela beleza, arquitetura e por ser um espaço especial pra tantas manifestações culturais. Minhas memórias lá, estão muitos ligadas aos amigos, pois são programas que gostamos de fazer juntos. Também já fiz o tour guiado, onde você pode conhecer mais sobre a história do lugar. Sempre que possível tento prestigiar os espetáculos, principalmente peças teatrais, que adoro. Dois momentos marcantes pra mim, foram a peça 'Eu sou minha própria mulher', encenada por Edwin Luisi, que fala sobre a vida de uma alemã que mantinha um cabaré clandestino, no porão de um museu durante os regimes de repressão. O outro foi um show que reuniu Beth Carvalho, Arlindo Cruz e Dudu Nobre. Espetacular!", recorda Ercília, que não vê a hora de poder voltar a frequentar o local, que tem o funcionamento limitado por causa da pandemia.
Fernanda cresceu sendo vizinha ao Theatro, que sempre fez parte de sua vida. "Moro bem próximo dele e antes da construção de alguns prédios próximos, eu podia vê-lo da varanda da minha casa. Cresci ao lado desse lugar especial. Uma das primeiras lembranças que eu tenho é de ver um musical com a Claudia Raia. Acho que eu deveria ter uns 13 para 15 anos. E já tive momentos incríveis também, fora da plateia: um deles foi me apresentar pelo grupo de dança do colégio onde eu estudava", conta.
"Hoje o Theatro me aconchega, sabe? Acho que é um espetáculo apresentando outro, pois todas as vezes que vou lá, sinto que sou envolvida pelo espaço. Sinto saudades de vê-lo iluminado e cheio de vida”, reconhece.
A titular da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Ursula Vidal, confirma que investir em pessoas, em valorização do patrimônio arquitetônico e simbólico, na manutenção de nossas tradições e saberes culturais, têm sido uma prioridade para o governo.
"São ações continuas, que têm nos desafiado a fazer escutas permanentes nas regiões, com a descentralização de recursos e o fomento às práticas culturais em todo o Pará. Somente em obras, como a reconstrução do Palacete Faciola, a reforma do Museu do Marajó, do Cemitério da Soledade, a revitalização do Theatro da Paz, da fachada e cobertura do Museu de Arte Sacra, e o início do projeto do Parque da Cidade, são mais de R$ 995 milhões de reais”, detalha a gestora.
Alfredo Guimarães Garcia, é diretor de artes da FCP e gestor da Casa das Artes, ambas localizadas em Belém e que representam dois espaços importantes de valorização da Cultura produzida no Pará e que atuam no fomento à ela.
"Nos últimos três anos, 2019 a 2021, a diretoria de artes foi responsável por editais, como o Edital de Produção e Difusão, de 2019, com uma verba de meio milhão de reais, e que premiou artistas nas mais diversas linguagens: música, artes literárias, artes visuais, audiovisual. Foi um amplo processo democrático de atendimento através das verbas previstas no Plano Plurianual (PPA) do Estado, para esse edital", analisa.
No ano de 2020, mesmo com a pandemia iniciada a partir de março, foi possível, em conjunto com os servidores da FCP, criar o edital "Rede Virtual de Arte e Cultura".
"Esse edital propôs a premiação de 80 artistas de todo o estado do Pará, com valores individuais de R$ 5 mil, num aporte total de verba de R$ 400 mil utilizados pela FCP. Em 2021 estamos trabalhando com um edital já lançado: o Prêmio Vicente Salles de experimentação artística, voltado a projetos de pesquisa em nove linguagens artísticas", avisa Alfredo, lembrando que as inscrições estão abertas até 23 de junho.
E não para por aí. Está em construção um edital de produção artística também voltado para a democratização, com a intenção de atingir ainda mais municípios.
"E há outros projetos ligados às linguagens artísticas como a música, a literatura. No sentido de qualificações, trabalhamos com a qualificação do artista que já está engajado no mercado de trabalho. Infelizmente, com a pandemia, esses eventos precisaram deixar de ser realizados, estamos no âmbito virtual executando essas atividades dos editais para fomentar especialmente a produção”, justifica o diretor.
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Agência Pará
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