Os Estados Unidos proibiram neste domingo a entrada de viajantes do Brasil por causa do risco de acelerarem a propagação do coronavírus em seu território. A medida foi tomada no dia em que o Brasil se tornou oficialmente o segundo país do mundo com mais os casos confirmados da covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos. O veto ao Brasil se soma aos que já estão em vigor para viajantes da China, Irã, União Europeia e Reino Unido.
O presidente Donald Trump já havia anunciado na terça-feira que estava "estudando" um possível veto, depois que o Brasil registrou seu maior número de mortes em um único dia e deu provas de que se tornou um dos pontos quentes da pandemia no mundo. "Estamos considerando isso. Espero que não tenhamos um problema", disse Trump na Casa Branca. "Não quero que pessoas venham aqui e infectem nosso povo. E também não quero que fiquem doentes lá. Estamos ajudando o Brasil com respiradores. O Brasil tem problemas, sem dúvida.”
Neste domingo, o Brasil ultrapassou 347.000 casos confirmados e mais de 22.600 mortes, segundo dados da Universidade Johns Hopkins. Os Estados Unidos, o país mais afetado pela pandemia, já registram 1,64 milhão de casos confirmados e mais de 97.600 mortes.
A ordem emitida neste domingo pela Casa Branca não leva em conta essa cifra, mas a de sábado, quando o Brasil ainda era o terceiro país mais afetado, atrás da Rússia. A ordem abrange todos os cidadãos estrangeiros que tenham estado no Brasil 14 dias antes de sua viagem aos Estados Unidos. Ficam de fora residentes permanentes (green card); cônjuges de cidadãos dos EUA ou de residentes permanentes; pais, filhos e irmãos de menores de idade dos EUA; e alguns tipos de visto. A proibição entra em vigor à zero hora da sexta-feira, dia 29.
No Brasil, o assessor especial da Presidência para Relações Internacionais, Filipe Martins, tuitou: “Ao proibir temporariamente a entrada de brasileiros nos Estados Unidos, o Governo americano está seguindo parâmetros quantitativos previamente estabelecidos, que alcançam naturalmente um país tão populoso quanto o nosso. Não há nada específico contra o Brasil. Ignorem a histeria da imprensa”. Na ordem da Casa Branca, é mencionado especificamente o Brasil e citado seu número de infecções.
O veto ao Brasil é um reconhecimento de que o coronavírus está fora de controle no país e é uma notícia indigesta para o presidente Jair Bolsonaro. Desde o início da crise, Bolsonaro imita a atitude do presidente Trump em aspectos como minimizar o perigo do vírus, promover tratamentos que não são comprovados e se opor abertamente às medidas restritivas.
O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O’Brien, disse na televisão neste domingo que espera que a ordem possa ser reconsiderada em algum momento. “Esperamos que seja temporária, mas, em razão da situação no Brasil, vamos tomar todas as medidas necessárias para proteger o povo americano”, disse O’Brien, citado pela Reuters. O consultor acrescentou que, se os Estados Unidos adotarem medidas semelhantes para outros países da América do Sul, o farão caso a caso.
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El País
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