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CoronaVac pode ser mais eficaz com intervalo maior entre doses, diz estudo

Enquanto a eficácia geral encontrada para a CoronaVac é de 50,7%, se o intervalo entre as doses for maior que 21 dias, o percentual sobe para 62,3%.

A eficácia da CoronaVac, principal vacina utilizada hoje no Brasil, pode ser maior se o intervalo entre as duas doses for superior a 21 dias. A informação faz parte dos dados completos dos ensaios clínicos feitos no país, publicados neste domingo (11).

Os dados principais sobre a eficácia da CoronaVac já tinham sido anunciados em coletiva de imprensa do Instituto Butantan —fabricante da CoronaVac no Brasil— e do governo do Estado de São Paulo. Porém, ainda faltava a publicação dos dados completos do estudo.

Enquanto a eficácia geral encontrada para a CoronaVac é de 50,7%, se o intervalo entre as doses for maior que 21 dias, o percentual sobe para 62,3%.

Outros dados do estudo, também já divulgados anteriormente, mostram que a eficácia da CoronaVac para
prevenir casos graves de covid-19 é maior, de 87,3%.

O estudo foi publicado no modo "pre-print", expressão usada para se referir a estudos que ainda não foram revisados por outros cientistas. Durante a pandemia de coronavírus, se tornou frequente entre os cientistas publicar primeiro como "pre-print", para acelerar a propagação de informações, já que a revisão por pares pode demorar meses.

Este estudo "pre-print" com os resultados da CoronaVac foi submetido neste domingo para revisão e
publicação na revista científica Lancet.

Intervalo utilizado

A recomendação do Ministério da Saúde, responsável pelo plano de imunização, é que a segunda dose da CoronaVac seja aplicada entre 14 a 28 dias após a primeira.

Levantamento do UOL feito em janeiro mostrou que os estados brasileiros estavam adotando prazos
distintos entre as doses, dentro da janela recomendada de 14 a 28 dias. Santa Catarina, por exemplo,
usava o intervalo de 15 dias. Já o vizinho Paraná, 28 dias.

Desde o começo do ano, o Instituto Butantan já defendia um intervalo de 28 dias entre as doses para a
população em geral —e de 14 dias para profissionais de saúde, que estão mais expostos, de modo a ter
resultados mais rápidos.

Resultado esperado

A maior parte dos participantes do estudo recebeu as doses da vacina com um intervalo menor que 21
dias. O objetivo era tentar acelerar o estudo da vacina e também acelerar uma possível aplicação na
população. Por isso, apenas um pequeno grupo de participantes recebeu as doses com intervalo maior
que 21 dias.

Estatisticamente, quanto menor o número de participantes, menos contundentes são os resultados. Ainda
assim, há entusiasmo em torno da descoberta, já que outras vacinas também se comportam da mesma
forma.

"Apesar de haver um número limitado de participantes neste estudo que receberam as doses com intervalo maior que 21 dias, há uma tendência a maior eficácia", diz o estudo.

"Já era esperado que um espaçamento maior [entre as doses] gerasse uma resposta maior de anticorpos e uma eficácia maior da vacina. O motivo de usar só 15 dias entre a primeira e a segunda doses foi para
acelerar os estudos. Havia uma urgência nos resultados", avaliou a microbiologista Natalia Pasternak, em
entrevista à Globo News neste domingo.

"O Instituto Butantan deve colocar uma diretriz para o PNI (Programa Nacional de Imunização) para que
seja seguido espaçamento de 28 dias entre a primeira e a segunda doses", continuou Pasternak

Terceira dose

Ao comentar os resultados do estudo neste domingo, Ricardo Palacios, diretor médico de
pesquisa clínica do Instituto Butantan, comentou sobre a possibilidade de ser fornecida uma
terceira dose da CoronaVac, para reforçar a imunização.

"Existem grandes preocupações sobre como melhorar a duração dessa resposta imune [proporcionada
pela vacina]. Entre elas, uma das alternativas que tem sido considerada é a aplicação de uma dose de
reforço, seja com a CoronaVac ou com outros imunizantes", disse em entrevista para a CNN.

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UOL