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Primeiro lote de insumos para vacina AstraZeneca chega ao Brasil

Material para a produção local de vacinas chega com atraso de um mês, empurrando cronograma de produção da Fiocruz para março. Inicialmente, fundação esperava entregar primeiras doses na semana que vem

O primeiro lote do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) para a produção das vacinas Oxford/AstraZeneca pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chegou neste sábado (06/02) ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. O material deve finalmente possibilitar a produção dessa vacina contra a covid-19 em território nacional, após seguidos atrasos.

O insumo foi fabricado no laboratório Wuxi Biologics, na China, de onde partiu da última quinta-feira. O laboratório chinês foi vistoriado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no fim do ano passado e é parceiro da farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, que desenvolveu a vacina em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido.

O IFA será transportado para o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), na zona norte do Rio de Janeiro. Lá, após checagens de controle de qualidade, o insumo deve ser liberado na próxima quarta-feira para descongelamento, já que precisa ser transportado a -55°C. O degelo precisa ser feito lentamente, e somente na próxima sexta-feira, deve ter início a formulação do lote de pré-validação, necessário para garantir que o processo de produção da vacina está adequado.

Atrasos

Originalmente, o material estava previsto para chegar em janeiro. Parte da imprensa brasileira chegou a apontar que a hostilidade do governo Bolsonaro contra a China nos últimos meses havia provocado os atrasos. Já os chineses afirmaram que a liberação ocorreu por questões técnicas e burocráticas. Ainda assim, o governo teve que mobilizar sua máquina diplomática e até a Câmara Federal se envolveu nas negociações para a liberação.

Com o atraso, a produção em larga escala de vacinas pela Fiocruz ficou para a metade março. Em dezembro, a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, havia dito que as primeiras entregas ocorreriam na segunda semana de fevereiro, com a entrega de 1 milhão de doses entre os dias 8 e 12 e mais 1 milhão de doses na semana seguinte. A partir daí, seriam produzidas 700 mil doses diárias da vacina. Agora, a entrega do primeiro lote de 1 milhão de vacinas só deve ocorrer entre os dias 15 e 19 de março.

Ainda em dezembro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, havia anunciado planos ainda mais grandiosos, falando em 15 milhões de vacinas ainda em janeiro, apesar do cronograma mais conservador da Fiocruz. Diante dos atrasos, o Ministério da Saúde importou em janeiro 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca de um laboratório da Índia, mas até mesmo essa carga sofreu com atrasos.

Até o momento, essas 2 milhões de doses prontas foram as únicas que o governo federal conseguiu distribuir até o momento. O grosso da campanha de imunização vem sendo executada com doses de Coronavac, a vacina promovida pelo governo de São Paulo, e que havia sido inicialmente rejeitada pelo Planalto.

Apesar dos atrasos na chegada do insumo, a Fiocruz afirma que é possível manter o compromisso de entregar 100 milhões de doses até julho, como havia sido anunciado anteriormente.

Os termos do acordo entre a Fiocruz, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford preveem que, inicialmente, o Brasil vai produzir a vacina com IFA importado. Posteriormente, Bio-Manguinhos vai nacionalizar a produção do insumo, o que deve ocorrer no segundo semestre, a partir de um processo de transferência de tecnologia. Após a nacionalização do IFA, a Fiocruz prevê produzir mais 110 milhões de doses até o fim deste ano, chegando a um total de mais de 210,4 milhões de doses.

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jps (ab, ots)