Profissional realiza teste de coronavírus em estudante de Taboão da Serra (SP), em outubroO Ministério da Saúde confirmou nesta quinta-feira o primeiro caso de reinfecção pelo novo coronavírus no Brasil. De acordo com a pasta, o caso é de uma profissional da saúde de 37 anos que mora em Natal. Ela contraiu a doença em junho, se curou e teve resultado positivo novamente em outubro —116 dias depois do diagnóstico inicial. Uma análise genética feita pela Fiocruz, referência nacional para a covid-19, permitiu confirmar a reinfecção e identificou a existência de linhagens distintas do vírus nos dois momentos de contaminação.
Outras oito suspeitas de nova infecção por covid-19 foram notificadas no Rio Grande do Norte —cinco estão em investigação e três estão com “inviabilidade de análise”, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública. A profissional que teve o caso confirmado atua no Estado e também na Paraíba, onde realizou o primeiro teste para a doença, em 17 de junho, após apresentar sintomas como cefaleia, dor abdominal e coriza. Em 11 de outubro, ela voltou a ter um quadro de síndrome gripal, desta vez com alterações no olfato e no paladar, e foi submetida dois dias depois a um novo exame, que também deu positivo. Nas duas ocasiões, o teste realizado foi o PCR, que aponta a presença de ácido ribonucleico (RNA) do vírus a partir da análise de secreções nasais. Na Fiocruz, as amostras foram submetidas à técnica de sequenciamento genético, que constatou a presença de cepas distintas do vírus. Ambas as linhagens já haviam sido detectadas no país, segundo os pesquisadores.
Episódios de contágio de pessoas que tinham superado o vírus já foram identificados em outros países, mas são considerados raros. A primeira confirmação ocorreu em 24 de agosto, em Hong Kong. Na América do Sul, o Equador foi o primeiro país a divulgar caso semelhante —um homem de 46 anos que foi diagnosticado com covid-19 em maio voltou a apresentar sintomas mais graves em agosto. Nas investigações dos dois países também foram encontradas cepas diferentes do SARS-CoV-2 entre uma infecção e outra de um mesmo paciente.
Os casos de reinfecção indicam que a imunidade gerada pelo contato com o vírus não impede contágios posteriores. Porém, como ainda não se mostram frequentes, essas ocorrências não eliminam a importância das vacinas, que já começam a ser aplicadas para grupos de risco em algumas partes do mundo, como o Reino Unido.
O Brasil soma 6,7 milhões de casos do novo coronavírus, que já matou quase 178.995 pessoas —é o terceiro no planeta em contágios e o segundo em óbitos. O país vem registrando cerca de 50.000 de novas infecções por dia. O Governo Jair Bolsonaro está sendo cobrado a apresentar um plano de vacinação nacional contra a doença, mas ainda não divulgou nenhuma estratégica clara. Como mostra reportagem do EL PAÍS publicada nesta quarta, depois de anunciar a intenção de iniciar a imunização em março, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, agora considera como “provável” que a vacinação contra a covid-19 no Brasil comece “entre janeiro e fevereiro”. Ele chegou a levantar a possibilidade de iniciar a vacinação em pequena escala já em dezembro, caso o imunizante da Pfizer, que o Governo brasileiro negocia adquirir, obtenha registro emergencial no país.
Em nota, o ministério alerta que o caso de reinfecção reforça a necessidade da adoção do uso contínuo de máscaras, higienização constante das mãos e o uso de álcool em gel. “O Governo Federal está buscando o mais rápido possível a vacina confiável, segura e aprovada pela Anvisa, para que todos os brasileiros que desejarem possam ser imunizados”, declara.
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EL PAÍS
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