O surrealismo foi uma vanguarda artística que surgiu em Paris no século 1920 e se fortaleceu por toda a Europa. Suas principais características eram liberdade de pensamento, expressividade, valorização do inconsciente, da fantasia e do impulso. É neste contexto que surge um dos maiores nomes da pintura: Salvador Dalí.
Nascido na Espanha, em 11 de maio de 1904, o artista ficou conhecido por quadros coloridos e sua personalidade excêntrica. Sua vida não foi nada convencional, passando por um casamento intenso, fama pelas suas valiosas obras e polêmicas no mundo da arte. Ele morreu aos 85 anos, em 23 de janeiro de 1989, em sua cidade natal, Figueres.
1. Um jovem de sucesso
Dalí pintou uma de suas primeiras obras conhecidas, Paisagem de Figueres, em 1910, quando tinha apenas 6 anos de idade. O trabalho de óleo sobre cartão postal mostra uma cena em sua cidade natal e agora está no Museu Salvador Dalí, na Flórida, Estados Unidos. Aos 16 anos, o jovem teve sua primeira exposição no Teatro Municipal de Figueres. Diante de seu sucesso, seu pai o mandou para Madrid para estudar na Escola de Belas Artes e se formar como um pintor de qualidade técnica.
2. O icônico bigode
O bigode virado para cima de Dalí pode ser considerado um dos mais famosos da história da arte. Em uma aparição na televisão, ele revelou que o estilo tem inspiração na literatura: "É a parte mais séria da minha personalidade. É um bigode húngaro muito simples. O Sr. Marcel Proust usou o mesmo tipo de pomada para esse bigode".
Em 1954, Dalí publicou um livro com o fotógrafo Philippe Halsman, inteiramente dedicado ao seu bigode, apresentando 28 imagens dos pêlos faciais. Passados 28 anos após sua morte, em 2017, o pintor foi exumado para realizar um exame de paternidade e surpreendeu os especialistas, que encontraram seus bigodes intactos.
3. Reencarnação do irmão
Antes de Dalí nascer, sua mãe já havia dado à luz a outro filho, também chamado Salvador Dalí. Porém, o bebê morreu de uma infecção no estômago com apenas 22 meses de idade. Nove meses depois, nasceu o segundo Salvador Dalí. Por isso, seus pais começaram a suspeitar que ele era o filho morto renascido.
Mais tarde, grande parte de seu trabalho conteria alusões à criança morta que acreditava ser uma parte de si mesmo.
Retrato do meu irmão morto, Salvador Dalí, 19634. Obsessão por Hitler
Enquanto as vanguardas eram contrárias ao fascismo, o pintor surreralista apresentava simpatia por ele. O apoio de Dalí ao regime de Francisco Franco e sua obsessão por Adolf Hitler fez com que ele fosse expulso do grupo de surrealistas fundado na Europa em 1934 e considerado desertor do movimento.
Um dos quadros mais emblemáticos é O Enigma de Hitler, de 1938, que mostra uma pequena fotografia do Führer em um prato vazio. Outra obra polêmica do tema é Hitler Masturbating (em tradução livre, "Hitler se masturbando"), feita em 1973.
5. O trabalho com Walt Disney
Walt Disney fez uma parceria com Dalí, em 1945, para trabalhar em um filme de animação chamado Destino. O artista fez 22 pinturas a óleo e inúmeros desenhos para a criação do projeto. No entanto, apenas oito meses após o início, o filme foi arquivado por razões financeiras, deixando apenas 15 segundos finalizados.
Em 1999, a Disney decidiu reiniciar a produção. Os animadores do Walt Disney Studios Paris traduziram os storyboards originais, analisaram as perspectivas do artista e criaram um curta de 6 minutos, lançado em 2003.
A Chupa Chups foi fundada pelo falecido espanhol Enric Bernat em 1958. Em 1969, Dalí foi chamado para criar o novo logotipo da marca, criando um desenho tão reconhecível que é usado até os dias de hoje. O surrealista ainda sugeriu que o logo fosse colocado no topo do produto para que ele pudesse sempre ser visualmente agradável aos olhos dos consumidores.
7. Coração de ouro
Uma das obras centrais do artista é uma peça chamada Coração Real. Feita em 1953, ela tem 24 centímetros e leva 46 rubis, 42 diamantes, duas esmeraldas, além de pérolas, águas-marinhas, granadas, ametistas e peridotos. Além disso, a parte mais impressionante é que o coração pulsa como se fosse de verdade. A joia faz parte da coleção Dalí-Joies, exposta no Museu Dalí, em Figueres, na Espanha.
8. Dalí construiu seu próprio museu — e foi enterrado nele
O surrealista nunca escondeu sua paixão pela Espanha. Na década de 1960, o prefeito de Figueres, sua cidade natal, pediu ao artista que doasse uma peça ao museu de arte da cidade, o Museu de l'Empordà. No entanto, ele reformou o local, que havia sido destruído durante a Guerra Civil Espanhola e o transformou no Museu-Teatro Salvador Dalí.
O local foi inaugurado em 1974, mas Dalí continuou a expandi-lo até sua morte. O artista viveu em um anexo do museu nos últimos anos de sua vida e, após sua morte, foi enterrado sob o palco do teatro.
Fachada do Museu-Teatro Salvador Dalí, na Espanha9. Ele publicou um livro de receitas
Na década de 70, Salvador Dalí escreveu um livro de receitas chamado Les Diners de Gala. Criado junto com sua esposa, a obra é um guia de culinária surrealista que apresentava alguns dos pratos principais de seus famosos jantares, como caracóis, lagostas e ovos. As ilustrações contém fotos e desenhos feitos pelo próprio artista.
10. A Persistência da Memória
A pintura, de 1931, é a mais famosa de sua carreira. Desde que foi colocada em exibição, a obra teve inúmeras interpretações. Por exemplo, que a sequência de relógios derretidos em uma paisagem é a descrição de um sonho que o artista teve.
Quando questionado sobre seu significado, Dalí afirmou que a sua inspiração foi um queijo camembert derretendo no sol. O quadro está exposto na coleção do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova Iorque desde 1934.
A Persistência da Memória, Salvador Dalí, 1931_________
Galileu
18/11/2024 | 20:24
15/11/2024 | 18:04
16/10/2024 | 12:05