A rede de saúde pública do Pará conta com 250 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivas para pacientes com sintomas de Covid-19, além de 1.150 leitos clínicos, confirmou nesta sexta-feira (º) o governador Helder Barbalho, em entrevista à Rádio Liberal. Como 80% dos casos registrados da doença estão na Região Metropolitana de Belém, o governador disse que as atenções estão voltadas para a capital e municípios do entorno, mas garantiu que o interior não está desassistido, pois há hospitais de Campanha em Marabá (no sudeste) e Santarém (no oeste) – já em funcionamento -, e em Breves (no Marajó), além dos hospitais referenciados para pacientes em situação grave.
O governo investe com responsabilidade na compra de equipamentos para os hospitaisEle explicou que o Hospital de Campanha do Marajó é o único ainda não aberto por questão de logística, que impediu a entrega dos tanques de oxigênio, mas a que a estrutura está pronta há 10 dias. "Não podemos abrir uma unidade para atenção respiratória sem isso", ressaltou o governador, que na quinta-feira (30) falou com o dono da empresa fornecedora em Pernambuco e conseguiu o envio dos itens, previstos para chegar ao Estado na próxima segunda-feira (4). Com isso, a previsão de abertura da unidade no Marajó passa a ser 6 de maio.
Helder Barbalho também explicou a necessidade de mudança no perfil de várias unidades hospitalares, bem como a inclusão de hospitais, nos últimos dias, para ampliar o atendimento e enfrentar a demanda crescente. "Nós não prevíamos. E isso não é falta de planejamento. É o fato, é o dia a dia, que as unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da Prefeitura de Belém e os prontos-socorros da capital pudessem chegar ao ponto de fechar as portas porque não dão conta da quantidade de pessoas", frisou, acrescentando que "só ontem foram internadas 95 pessoas no Hospital Regional Abelardo Santos (HRAS), em Icoaraci, em estado grave. Foi uma medida para salvar a vida das pessoas".
Fake news
Helder Barbalho voltou a reforçar que todos os pacientes que são atendidos na Policlínica Metropolitana já saem com a medicação para fazer o tratamento em casa. "Há muita fake news dando conta de que o Governo estaria estocando medicamento. Isso não é verdade. Os que possuímos estão sendo utilizados na Policlínica, no HRAS, na Santa Casa, no Hospital de Clínicas, no Hospital Galileu, em Ananindeua, nas UPAs e prontos-socorros, e até nos hospitais privados, que não fizeram planejamento para conseguir esses remédios", afirmou. O Estado também está comprando mais lotes, direto dos laboratórios que produzem Azitromicina e Hidroxicloroquina.
O governador lamentou a falta de planejamento das redes farmacêuticas em oferecer os medicamentos para compra, e reiterou que não há entrega de remédios sem consulta e prescrição médica.
O governo investe com responsabilidade na compra de equipamentos para os hospitaisMudança
Desde a abertura do Hospital Abelardo Santos como pronto-socorro, na última quinta-feira (30), já são centenas de atendimentos. O próprio governador anunciou a mudança na rotina de atendimento, em redes sociais, com 24 horas de antecedência. "Era o tempo que precisávamos para transferir os outros pacientes que tínhamos lá. E tínhamos gestantes, recém-nascidos, cardíacos, pacientes da traumatologia. Eu não podia ter essas diferentes especialidades junto de pacientes com uma doença altamente contagiosa", frisou. Os pacientes foram transferidos para a Santa Casa, o Hospital Jean Bitar e hospitais do interior, onde os tratamentos continuam.
No estacionamento do “Abelardo Santos” estão três ônibus com consultórios clínicos para reforçar a estrutura de atendimento, além de tendas para a triagem. Já são quase 1,2 mil atendimentos em 48 horas, enquanto a Policlínica Metropolitana chegou a 1,5 mil atendimentos diários.
'Fique em casa'
"O que as pessoas precisam entender é que todo esse investimento, as ações do governo do Estado são importantes, mas o isolamento é tão importante quanto. É preciso ficar em casa para não ser contaminado", ressaltou.
Helder Barbalho confirmou que o Hospital Regional dos Caetés, no nordeste paraense, está com 40 leitos clínicos e cinco de UTI específicos para pacientes com o novo Coronavírus. A demanda na região também está sendo atendida no Hospital Regional de Salinópolis. Mais próximo ao município de Castanhal, os hospitais Magalhães e São José, ambos privados, estão recebendo pacientes com os sintomas da Covid-19.
Ainda em Castanhal, o Hospital Regional teve o 3º andar concluído, com capacidade para 60 leitos, e agora está sendo equipado. A Organização Social (OS) que vai gerenciar a unidade já foi contratada, e a previsão é que, a cada 30 dias, um novo andar fique pronto. A previsão de abertura para funcionamento é de dois meses e meio, com um andar inteiro só de UTI.
Uma equipe da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) estará neste sábado (2) em um hospital do Estado em São Caetano de Odivelas, no nordeste, para iniciar o processo de adequação de 40 leitos com equipamento de oxigênio. O Hospital de Ipixuna deve ser aberto nos próximos dias, e o de Paragominas já está funcionando.
Mais UTIs
O governador voltou a dizer que pretende transformar todos os leitos do Hospital de Campanha de Belém, no Hangar, em leitos de UTI a partir da chegada dos 400 respiradores comprados na China com recursos do Tesouro estadual. No momento, somente a burocracia de alfândega impede o envio dos equipamentos.
Ao fim da entrevista, Helder Barbalho lamentou as disputas políticas em meio ao que considerou a maior crise sanitária dos últimos 100 anos. "É lamentável que em um momento de dor, de sofrimento, com mais de 250 mortes, mais de 3 mil infectados, tenha quem fique propagando fake news, torcendo pelo caos para obter dividendos políticos. Só que esse caos significa vidas perdidas. Tenho buscado a serenidade, porque sei que há aqueles que desejam que eu me desestabilize e pare de trabalhar para salvar a vida das pessoas. Tenho certeza de que a população paraense sabe quem está trabalhando por ela, na linha de frente", destacou.
O chefe do Executivo falou ainda sobre as supostas diferenças de preços de respiradores comprados pelos estados. "Não compramos nenhum a R$ 250 mil, e sim a US$ 24 mil (algo próximo a R$ 132 mil). Eu liguei pro Romeu Zema, governador de Minas Gerais, para saber se ele realmente tinha pago menos. Esta molecagem, esta irresponsabilidade divulgada, deixou de lado que os respiradores que ele comprou são de ambulância, um outro tipo. É a maldade das pessoas de comparar respirador de UTI com respirador de ambulância. Desejo compaixão a essas pessoas, e que nenhum de seus familiares adoeça e precise de leito. Ele (Romeu Zema) me disse que chegou a comprar alguns para UTI, mas que só serão entregues em junho, julho e agosto. Aí eu te pergunto: compro para pronta entrega e pago um pouco mais, ou me omito, espero o povo morrer e a entrega daqui a três meses?", questionou.
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Agência Pará
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