Helder Barbalho e o titular da Sespa , Alberto BeltrameO Governo do Pará solicitou ao Ministério da Saúde o envio imediato de 100 respiradores para aliviar a pressão principalmente sobre o sistema de saúde da Região Metropolitana de Belém, que concentra o maior número de infectados e mortos pelo novo Coronavírus. Em entrevista à CNN Brasil, concedida virtualmente na tarde desta terça-feira (28), o governador Helder Barbalho sugeriu que o Governo Federal antes ouça dos estados sobre suas metas de queda na arrecadação fiscal, por conta dos impactos da pandemia no cenário econômico, para então definir medidas emergenciais.
Os respiradores e outros equipamentos são fundamentais para salvar vidas de pacientes graves de Covid-19Helder Barbalho confirmou que o cenário em Belém e demais municípios da Região Metropolitana em relação à ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) varia entre 95% e 96%, de acordo com o fluxo de pacientes, enquanto que no Estado, de uma maneira geral, chega a 85%. "Tivemos reunião com equipe do Ministério da Saúde, governadores do Norte, e fiz questão de mostrar todos os esforços feitos no sentido de comprar novos respiradores e implementar novas UTIs, mas que neste momento temos a necessidade desta complementação", afirmou o governador, informando que aguarda a chegada de 400 respiradores comprados na China, com recursos do Tesouro Estadual, e que chegam na primeira semana de maio.
Ele lembrou também os 720 leitos de média complexidade entregues em quatro hospitais de campanha montados em Belém, Marabá, Santarém e Breves - este último a ser entregue nesta semana.
Prazos
Ao citar que a própria rede privada de saúde está saturada, o que também acaba aumentando a demanda sobre a rede pública, Helder Barbalho disse não ter tratado de flexibilização do isolamento social na reunião on-line realizada com a equipe do Ministério da Saúde, incluindo o ministro Nelson Teich, durante a manhã de hoje. "Fiz questão, de maneira pragmática, de destacar aquilo que é fundamental, e cobrar um prazo para que o MS possa nos responder. Inicialmente, se falou em três dias, e tive a sensibilidade de pedir para encurtar este prazo, porque a cada minuto são vidas que se perdem, pessoas que estão sofrendo na fila de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Há a necessidade de atender à demanda com humanização e respeito", justificou o chefe do Executivo.
No entanto, Helder Barbalho não descartou tratar sobre o tema em um momento posterior, e se mostrou disposto a debater na linha proposta por Nelson Teich, de olhar o Brasil sob a peculiaridade de cada região. "Aqui, no Pará, no momento em que estivermos com todo o suporte da estrutura de saúde, no momento em que se mostrar, através da ciência, da técnica, da medicina, que nós estabilizamos o número de casos, poderemos, sim, pensar de maneira regionalizada, avaliar o distanciamento regulado, um processo de retomada gradativa da economia. Porém, neste momento, o Estado do Pará enfrenta uma severa dificuldade, particularmente na Região Metropolitana, e nós temos que pensar em salvar vidas", ratificou o governador.
EPIs para saúde e segurança – Segundo ele, os equipamentos pedidos ao Governo Federal se juntarão aos 200 leitos de UTI que o Estado já tem somente para pacientes de Covid-19, e aos outros 400 que serão ofertados a partir da chegada do maquinário comprado na China. O governador também reforçou com o ministro Nelson Teich a necessidade de garantir o abastecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) aos profissionais de saúde e de segurança, e anunciou ainda para esta semana a abertura de leitos em hotéis, que estarão à disposição para quem está na linha de frente do combate à pandemia e precisa preservar familiares da contaminação.
"Conseguiremos chegar a 600 leitos de UTI. Isto representa dobrar o número de leitos de tratamento intensivo existentes na história do Estado. O que nós precisamos é para agora. Precisamos de agilidade e, acima de tudo, de humanidade", reafirmou o chefe do Executivo.
Arrecadação
Questionado pelos jornalistas sobre a proposta do Senado Federal para compensação das perdas de arrecadação dos estados e municípios, Helder Barbalho disse que "estamos tratando é de recomposição para diminuir esta incerteza, sem que os estados se eximam da responsabilidade tributária, e não aplicar populismo. Clamamos que o Congresso Nacional possa definir e apreciar esta matéria ainda esta semana. No mês de abril, tivemos uma diminuição de arrecadação que foi menor do que imaginávamos. De ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), a variação de -6% permitiu que pagássemos a folha de pessoal, inclusive desde ontem. Mas quando chegar maio, a expectativa da substituição tributária que já projeta uma arrecadação prevista nos causa profunda preocupação, porque a variação pode ser de 20% a 30% de queda", alertou.
No encerramento da entrevista, Helder Barbalho destacou que o Pará é o estado com menor percentual de endividamento, por isso não representa um problema para a União. "Estamos pagando em dia o funcionário público, fornecedores, prestadores de serviço, precatórios. O Pará não é uma carga para o Governo Federal. Pelo contrário, saímos do limite de alerta para o limite prudencial. Reduzimos o custo da folha para enxugar a máquina, o custeio, para dar agilidade ao governo de investir e servir à população", reiterou, acrescentando que "temos a obrigação de ter capacidade para atender a população com serviços de saúde, de segurança, e tantos outros serviços essenciais nesse momento".
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Agência Pará
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