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Cultura

Projeto arquitetônico do Museu do Marajó está pronto para a licitação

Moradores de Cachoeira do Arari aprovam versão final do projeto do novo museu, que vai preservar um acervo de quase 5 mil peças

Uma das prioridades do Estado é a recuperação do Museu do Marajó, em Cachoeira do Arari. Esta semana a Secult, liderada por Ursula Vidal, finalizou o processo de escuta à comunidade e parte agora para dar entrada no processo licitatório.

Na noite desta sexta-feira (21), o Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), deu mais um passo importante no processo recuperação do Museu do Marajó, instalado no município de Cachoeira do Arari. Técnicos do Departamento de Projetos da Secult apresentaram a versão final do projeto arquitetônico para a comunidade, junto com o cronograma das obras, orçamento, termo de referência e prazo de entrega. Agora, o projeto segue para a abertura do processo licitatório. 

A obra prevê intervenção na fundação e cobertura, reforma na reserva técnica do espaço museal e troca da pintura e do mobiliário. O orçamento de R$ 3 milhões teve emenda parlamentar garantida pelo senador Jader Barbalho (MDB). O projeto inclui intervenções estruturais em outros equipamentos da área de 1.200 metros quadrados do Museu, como a casa do padre Giovanni Gallo (criador do Museu), o túmulo com restos mortais do religioso e a reserva técnica, itens solicitados pela população marajoara na última reunião, em fevereiro deste ano.

Desde a assinatura do termo de comodato, transferindo temporariamente a administração do Museu do Marajó Padre Giovani Gallo ao Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM), representantes da Secult, Prefeitura Municipal de Cachoeira do Arari e Associação do Museu vêm se reunindo para definir conjuntamente um modelo de projeto que contemple as memórias, histórias e peculiaridades do espaço, de acordo com os padrões dos museus qualificados pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).

Validação pública - Para o arquiteto e diretor de Projetos da Secult, Nelson Carvalho, a visita ao município marca o início de uma nova fase do projeto. "Essa visita teve como objetivo fazer uma escuta final, uma espécie de validação pública, que é uma ferramenta utilizada pela Secult desde o início do projeto, em parceria com a comunidade cachoeirense. Ficamos felizes com a receptividade de todos e com a unanimidade de aprovação. Partimos agora para outra fase do projeto, que deixa mais próxima a concretização do sonho da comunidade e do padre Gallo", ressaltou o diretor.

Informações como valores da obra, prazos e outros detalhes técnicos foram apresentados minuciosamente pelo engenheiro do Departamento de Projetos da Secult, Rodolfo Brito. "Essa reunião foi fundamental e definitiva, pois agora conseguimos concluir os detalhes do projeto e finalizar valores exatos do orçamento para enviar para a licitação", disse o engenheiro.

“Sonho realizado” - Jadir Barroso, morador de Cachoeira do Arari, frisou a ansiedade em ver o projeto sair do papel. "Hoje a gente acompanhou alguns detalhes a mais e avançou bastante no projeto. Estou muito esperançoso de que agora a obra vai avançar. Nós todos aguardamos muito isso; é um sonho sendo realizado. Tenho a certeza de que o padre, onde quer que esteja, está muito feliz", afirmou Jadir.

Selma Gomes, membro da Associação do Museu do Marajó, disse que acompanha todas as reuniões e vai continuar ativa na participação do que definiu como “um sonho dos moradores de Cachoeira do Arari”. "Ver esse Museu reformado é um dos sonhos, acredito, de todos os cachoeirenses. Saber que a partir de agora a obra está próxima me deixa muito feliz. O próprio padre sonhava muito com alguém que pudesse ajudar, e essa ajuda chegou. Eu gosto de participar de todas as reuniões, de fiscalizar, de fazer parte desse movimento, e essa reunião é quase uma prestação de contas que faço questão de acompanhar", acrescentou.

Cultura milenar - O Museu do Marajó foi criado em 1972 e aberto ao público em 1984, mas somente em 1987 ocorreu a inauguração oficial. Foi idealizado pelo padre Giovanni Gallo, museólogo, que além de coletar e proteger peças que contam a história milenar da região defendia que o público do Marajó tinha uma relação com o acervo diferente da que os visitantes em geral têm com os museus tradicionais. Esse pensamento inspirou a criação de um local onde os moradores de Cachoeira do Arari pudessem interagir com as peças. 

O acervo conta com aproximadamente 5 mil peças de cerâmica, conjunto formado por fragmentos de vasilhas, pratos e outros utensílios da milenar cultura marajoara. O arquivo também é composto por invenções do padre, que promoviam a interação do Museu com os visitantes, como os computadores caipiras. O religioso dizia que o caboclo - público imediato do Museu - tinha os olhos nas pontas dos dedos, portanto deveria tocar no acervo exposto. 

Essa característica deu à instituição um cunho exploratório diferente do tradicional. Além de salvaguardar esse patrimônio arqueológico, o Museu do Marajó foi criado para se tornar um polo de desenvolvimento da região por meio da cultura, oferecendo à comunidade cursos e oficinas, e estimulando o turismo no arquipélago marajoara.

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Agência Pará