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Poder

Mais dois ministros do governo Bolsonaro testam positivo para covid-19

Onyx Lorenzoni, titular da pasta da Cidadania, anunciou pelo Twitter que testou positivo para covid-19. Mais tarde, foi a vez de Milton Ribeiro, que tomou posse há quatro dias como ministro da Educação

Ministro defende uso da hidroxicloroquina, embora não esteja comprovada sua eficácia no tratamento da covid-19Mais dois ministros do governo Bolsonaro anunciaram nesta segunda-feira (20/07) que estão com coronavírus. O primeiro foi o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Pelo Twitter, ele disse que realizou um teste na sexta-feira após "começar a sentir sintomas que poderiam ser da covid-19" na noite anterior. 

"Passei por exames, entre eles o PCR, e o resultado saiu hoje e a covid-19 foi detectada. Desde 6ª [sexta-feira] estou seguindo o protocolo de azitromicina, ivermectina e cloroquina e já sinto os efeitos positivos", escreveu o ministro, citando medicamentos que ainda não tiveram a eficácia cientificamente comprovada contra a covid-19. 

Em outro tweet, o ministro diz que está "bem melhor", em isolamento e que segue trabalhando de casa.

Mais tarde, o novo titular da Educação, Milton Ribeiro, que tomou posse há apenas quatro dias, também anunciou pelo Twitter que está com covid-19. “Acabo de receber agora pela manhã resultado positivo para COVID. Já estou medicado e despacharei remotamente”, escreveu na rede social. 

A cerimônia de posse do novo ministro na quinta-feira passada foi discreta. O presidente Jair Bolsonaro participou por videoconferência. Mas o chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto, compareceu presencialmente.

Além de Onyx, já foram detectados com covid-19 os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia). Em março, após visita aos Estados Unidos, 18 membros da comitiva do presidente testeram positivo para a doença. Fabio Wajngarten, atual secretário-executivo do Ministério das Comunicações, foi o primeiro membro do governo a testar positibo, ainda em março, quando ocupava a chefia da Secretaria Especial de Co-municação Social (Secom) do Governo Federal. 

Há duas semanas, Bolsonaro também declarou que havia sido infectado pelo Sars-CoV-2 e que estava tomava hidroxicloroquina como tratamento primário.

Assim como Bolsonaro, Onyx se notabilizou por minimizar a pandemia desde o início da crise. Ele conspirou pela derrubada do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e chegou a afirmar em uma conversa vazada acidentalmente em abril que o coronavírus não mataria mais do que 4 mil pessoas no Brasil (o número já está próximo de 80 mil). Ele também defende a cloroquina como forma de tratamento da doença, mesmo sem estudos científicos que respaldem a informação.

Desde o início da pandemia, tanto Bolsonaro quanto Onyx também têm ido a manifestações a favor do governo e a eventos públicos sem usar máscara. No domingo, Bolsonaro  recebeu alguns apoiantes nos jardins do Palácio da Alvorada, sua residência oficial em Brasília.

Separado por um espelho de água dos apoiantes, o presidente percorreu o gramado onde estavam seus seguidores, muitos deles sem máscara e sem respeitar a distância determinada pelas autoridades, e exibiu uma caixa de cloroquina como se fosse uma relíquia sagrada. Bolsonaro tirou a caixa do medicamento do bolso e mostrou às pessoas, que aplaudiram e gritaram "cloroquina, cloroquina!".

Enquanto o presidente e os ministros insistem em defender o uso de cloroquina e da hidroxicloroquina, a Sociedade Brasileira de Infectologia anunciou, na sexta-feira, ser contra o uso dos dois medicamentos no tratamento da covid-19, afirmando ser "urgente e necessário" que as duas drogas sejam abandonadas.

Segundo o site de notícias G1, em 29 de junho o Ministério da Saúde enviou um ofício à Fiocruz e a outras instituições federais, pedindo ampla divulgação do tratamento da covid-19, com o uso da cloroquina nos primeiros dias dos sintomas. A orientação foi enviada quando estudos já haviam concluído que a cloroquina não é eficaz no combate à doença.

De acordo com o Ministério da Saúde, neste domingo, o Brasil somava oficialmente 2.098.389 casos de covid-19 e 79.488 mortes em decorrência da doença. No entanto, especialistas afirmam que o número pode ser muito maior, devido à subnotificação. 

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LE/abr/lusa/ots