IBOVESPA 107.398,97 −6.278,28 (5,52%)

Opinião

👉 IdealPolitik - O pior momento para reabrir

Por: Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik

-- Brasília = Setores da opinião pública acham que farejam uma crise institucional, no estresse entre o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, e os militares do governo. Bobagem. São ruídos próprios da acomodação política, que não ameaçam o clima de pacificação.

-- Os verde-oliva estão em desvantagem perante a nova campanha do establishment, após dobrar o presidente Jair Bolsonaro à moderação: reduzir a influência das Forças Armadas na política. E a conta é simples: ao dizer que manter o general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde é uma associação delas com o "genocídio", em alusão aos números da pandemia, Mendes falou ao coração do oficialato da ativa. Sendo o relator do recurso do senador Flávio Bolsonaro sobre decisão que lhe deu foro por prerrogativa de função no Rio de Janeiro (processo das "rachadinhas"), os fardados ou passam à reserva ou perdem seus cargos. A famosa duas escolhas ruins, com sinais evidentes de derrota.

-- A grande ameaça é outra.

-- Apesar de seguir o aumento grave de mortes e infectados pela Covid-19, o país pode ter estabilizado a média diária de óbitos, com 5 estados virando para queda, 11 com desaceleração e apenas 10, considerando o Distrito Federal, computando crescimento da doença. E é aqui que mora o perigo. O banco Citi Brasil divulgou relatório sobre as perspectivas e ameaças da reabertura econômica, alertando que “pode ser prematuro, potencialmente causar uma interrupção ou mesmo reversão, dessa estratégia no futuro próximo”.

-- Com base em seis indicadores usados para medir a probabilidade de sucesso no controle da doença, o principal alerta é que, até o fim de junho, apenas 3,8% da população tenha sido exposta à Covid-19, bastante distante da imunidade de rebanho. Se o platô não for reduzido, mas ampliado, poderia repetir o que o ministro da Economia, Paulo Guedes, denunciou ter ocorrido com a entrada em cena do coronavírus: prejudicar a economia em processo de aceleração.

-- Em entrevista à Globonews, o ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que o ápice da pandemia acontecerá até setembro. Se nesta reta final o viés técnico das medidas for abalado pela politização e pressão, o país poderá desperdiçar gratuitamente o potencial implícito nos sinais de retomada de junho.

-- Ad hoc, o presidente Jair Bolsonaro, embora tenha sido forçado a recuar da politização da pandemia, acabou criando bases para uma vitória política em médio prazo, pois governadores e prefeitos avançam em experiências de flexibilização e o judiciário, em nível local, reduziu a interferência para bloquear o processo. Para isso, a posição presidencial pró-reabertura, que animou pressão de agentes econômicos sobre os gestores, foi fundamental.

-- Ademais, setores da opinião pública começam a concordar com a narrativa de que os gestores locais não evitaram o pior e prejudicaram a economia. Em paralelo, eles perdem aprovação ao cederem à reabertura, enquanto a do presidente parou de cair, conforme e média das pesquisas;

-- A tese dos militares de reabertura "lenta, gradual e segura", associada à administração de paliativos, como a cloroquina, enquanto a vacina, remédio ou tratamento plenamente eficazes não chega, vem sendo viabilizada com êxito, o que não quer dizer implementada nestes termos.

-- Time is politics.