IBOVESPA 107.398,97 −6.278,28 (5,52%)

Poder

Em eleição curta, renúncia de Ursula Vidal fortalece Edmilson

Em comum acordo com o governador Helder Baralho, a secretária de cultura Ursula Vidal decidiu permanecer na Secult e não entrará na disputa eleitoral deste ano.

A PEC que alterou a data da eleição mantendo datas de desincompatibilização que não correspondem aos prazos que vigoravam até então, criou uma armadilha jurídica para secretários de todo o Brasil que optaram por não abandonar seus postos em plena pandemia. Além dela, há o emblemático exemplo do secretário de Saúde de Salvador, Léo Prates, que também figura entre os favoritos na capital baiana e está encontrando obstáculo na armadilha jurídica armada pelo Congresso Nacional.

Pré-candidata, Úrsula Vidal enviou uma consulta ao TSE que questionava a quebra de isonomia nos prazos decorrentes da PEC e arguia a inconstitucionalidade da lei aprovada no Congresso. A consulta deveria ter sido respondida até ontem e não foi. Diante da insegurança jurídica produzida por essa alteração de prazos, Ursula decidiu permanecer na Secult dando andamento ao ótimo trabalho que vem executando.

No posto, se empenhará em ajudar a articular um amplo campo de oposição ao projeto que governa Belém há mais de uma década e meia, entendendo que “derrotar o atraso e a barbárie é mais importante para Belém do que qualquer projeto pessoal de poder”.

Maturidade política

O gesto de Ursula foi interpretado pelo mundo político como uma demonstração de maturidade e de grandeza e comemorado pela esquerda, que vê em sua renúncia um apoio explícito ao fortalecimento da candidatura de Edmilson Rodrigues, do PSOL, que lidera as pesquisas.

Ursula aparecia em segundo lugar nas últimas pesquisas oficias divulgadas por Big Data e Instituto Acertar e certamente terá um peso substancial na decisão do voto, sobretudo da juventude e dos setores médios que deram a ela mais de 250 mil votos em Belém em 2016. “Ursula era nossa principal concorrente a agora será nossa principal aliada”, comemora dirigente do sindicato dos trabalhadores da educação ligado ao PSOL.

Do alto de sua popularidade, Ursula poderia insistir em uma candidatura que precisaria de permanente amparo jurídico, levando o eleitor e seus apoiadores a uma marcha que poderia ser interrompida a qualquer momento. Ao permanecer no cargo no pior momento da pandemia, empenhando-se em buscar recursos que minimizassem os efeitos da crise econômica advinda do isolamento para o setor cultura, a Secretária de Cultura mostrou que tem fidelidade ao projeto político do governador e compromisso ético, que tanto faltam à política no Brasil atual.

Eleitora de peso, Ursula não deixará, é claro, de exercer seu papel político nessas eleições. As propostas e ideias que acumulou e que seriam a base de sua plataforma eleitoral serão disponibilizadas em um site aberto ao debate e entregues aos candidatos do campo progressistas, objetivando influenciar no debate de ideias que devem circular na campanha eleitoral que começará em breve.