Jair Bolsonaro na Câmara em 2011Apesar de se dizer um defensor da família e contra o aborto, encampar a narrativa de que seu governo é o que mais ajuda os pobres e se associar a Deus, o presidente Jair Bolsonaro (PL), em seus tempos de deputado federal, fez inúmeros discursos que vão no sentido oposto àquilo que prega atualmente.
O atual mandatário passou 27 anos como parlamentar na Câmara antes de se eleger presidente e, ao longo de todo este período, fez declarações, registradas, transcritas e disponíveis no arquivo da Casa, que mostram total aversão aos mais pobres, defesa do aborto e de políticas eugenistas e fascistas e até mesmo elogios a Adolf Hitler, o líder do nazismo na Alemanha.
Vários desses discursos foram compilados em uma thread no Twitter pelo usuário Erick Santos, que pesquisou as falas de Bolsonaro através do site da Câmara dos Deputados.
Em 1992, por exemplo, Bolsonaro defendeu políticas de controle de natalidade para conter a "proliferação" dos mais pobres. "Devemos (...) adotar urgentemente uma rígida politica de controle da natalidade. Não podemos mais fazer discursos (...) cobrando recursos e meios do Governo para ATENDER a ESSES MISERÁVEIS QUE PROLIFERAM cada vez mais", disparou.
O tema do controle de natalidade, inclusive, era pauta recorrente nos discursos de Bolsonaro na Câmara. Ele chegou, inclusive, a defender distribuição de pílulas abortivas.
"É preciso, portanto, que todos tenhamos os pés no chão e passemos a tratar desse tema (controle da natalidade) sem demagogia sem interesse partidário ou eleitoreiro, porque de nada adiantam nossas convicções religiosas, políticas ou filosóficas, quando se está em jogo, sem dúvida, uma questão bem mais grave e que, de fato, interessa à segurança nacional. Temos de viabilizar este país e apontar o caminho certo do desenvolvimento social e econômico", disse à época.
"Sr. Presidente, solicito a V. Ex. que mande transcrever matéria publicada no Jornal Folha de S. Paulo, sobre o início do uso da PÍLULA DE ABORTO na China", emendou, afirmando ainda, em outra declaração, "que quem não tem recursos continua parindo, fazendo cada vez mais filhos, de forma inconsequente, o que gera violência".
Já em 2007, o então deputado Bolsonaro sugeriu que crianças pobres não tenham acesso à educação. "Imagina-se que se trata de filhos não planejados de mães pobres, crianças que basicamente irão às escolas não para aprender, mas para comer. Antes da educação, uma deleção", falou.
Em 2013, o atual presidente afirmou que a única "utilidade" dos pobres é votar: "Título de eleitor na mão e diploma de burro no bolso (...) Só para isso e nada mais serve".
Retrocedendo a 2005, Bolsonaro, em outro discurso, atacou a igreja católica: "A ideia só não deslanchou ainda pelo temor às reações da Igreja Católica, que, diga-se de passagem, é uma das grandes responsáveis pela miséria que se espalha em nosso meio".
Ao propor a instituição da pena de morte no Brasil, em 2003, o presidente à época deputado chegou a defender extermínios: "Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, O CRIME DE EXTERMÍNIO (...) SERÁ MUITO BEM-VINDO. Se não houver espaço para ele na Bahia pode ir para o RJ. (...) TERÃO TODO O MEU APOIO...".
Como se não bastasse, entre inúmeras outras atrocidades, Bolsonaro, em 2008, elogiou Adolf Hitler ao comentar o fato de que, naquele ano, alunos do Colégio Militar de Porto Alegre votaram no líder do nazismo como "personalidade histórica mais admirada".
"Esses garotos (...) estão realmente carentes de ordem e de disciplina (...). Enquanto nosso Presidente não dá exemplo disso, eles têm que eleger aqueles que souberam, de uma forma ou de outra, impor ordem e disciplina...", disparou o deputado Bolsonaro.
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Revista Fórum
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