Área de mata queimada em Roraima. Relatório aponta alta de destruição da floresta amazônica, como ocorre em todos os biomas brasileiros na gestão de BolsonaroO desmatamento acumulado na Amazônia sob o governo Jair Bolsonaro, de janeiro de 2019 a julho de 2022, atingiu 31 mil km², segundo dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). Essa área equivale ao território da Bélgica.
O aumento da devastação da Amazônia é atribuída por ambientalistas à falta de controle e fiscalização do governo Jair Bolsonaro e a incentivos do presidente para a exploração predatória da região por madeireiros, agropecuaristas, mineradores e garimpeiros.
De agosto de 2019 a julho de 2022, foram derrubados em média 720 km² da floresta por mês. Para efeito de comparação, de agosto de 2015, quando a atual metodologia do Deter entrou em vigor, até maio de 2016, quando a então presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment, a média foi de 364 km² desmatados por mês. Durante o governo de Michel Temer, a média foi de 420 km², segundo cálculo do jornal Folha de S. Paulo.
O Deter é uma ferramenta de monitoramento rápido para identificar tendências no desmatamento da Amazônia e servir de guia para ações de fiscalização. O Inpe também tem o Prodes, um outro sistema que calcula a área desmatada com mais precisão e é divulgado nos últimos meses do ano.
“É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle na Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa e muito bem implementada de Bolsonaro e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
A organização afirma que o aumento do desmatamento está relacionado ao enfraquecimento de órgãos de fiscalização no governo Bolsonaro – segundo dados do MapBiomas Alerta, apenas 2,4% dos alertas de desmatamento emitidos pelos satélites corresponderam a uma ação em campo de autuação ou embargo de propriedade pelos órgãos ambientais federais de 2019 a 2021.
O Observatório do Clima menciona também a expectativa de asfaltamento da BR-319, rodovia que corta o maior bloco de florestas intactas da Amazônia – que teve a licença prévia concedida no final de julho – como algo que contribuiu para o aumento do desmatamento. Os municípios de Lábrea (AM) e Apuí (AM), na zona de influência da BR, foram respectivamente o primeiro e o segundo com maior área de alertas de desmatamento de toda a região amazônica, segundo a organização.
Apenas em junho, o desmatamento na Amazônia atingiu 1.120 km², um recorde para o mês, e em julho mais 1.486 km² foram desmatados. O Brasil também registrou recordes de desmatamento mensal em janeiro e fevereiro deste ano, durante o período mais úmido do ano, quando a área de floresta destruída foi de 430 km² e de 199 km², respectivamente.
“Entre janeiro e julho (de 2022) foram cerca de 5.470 km² (devastados), o que mostra que o desflorestamento se estabilizou em taxas bastante elevadas neste bioma”, afirmou Mari Napolitano, gestora de ciências do Fundo Mundial pela Natureza (WWF) no Brasil.
No corte anual, de agosto de 2021 a julho de 2022 foram desmatados 8.590 km² da floresta amazônica. No período anterior, de agosto de 2020 a julho de 20221, foram 8.780 km², e de agosto de 2019 a julho de 2020, 9.216 km². São as três maiores taxas de desmatamento anual da série histórica do Deter, iniciada em 2015.
Considerando também o período de janeiro a julho de 2019, quando o desmatamento foi de 4.701 km², chega-se ao número de 31.287 km² desmatados sob o governo Bolsonaro.
Rede Brasil Atual
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