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Poder

PT formaliza candidatura de Lula à Presidência

Em reunião protocolar sem a participação do ex-presidente e do seu candidato a vice, Geraldo Alckmin, convenção nacional petista referenda também coligação com outras legendas.

O PT formalizou nesta quinta-feira (21/07) a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em convenção nacional do partido em São Paulo. O ex-presidente cumpre agendas de campanha em Pernambuco e não participou do evento.

Na véspera, a sigla havia referendado, em votação virtual, a indicação do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) como vice na chapa, também sem a presença do líder petista.

Aos 76 anos, Lula concorre ao Planalto pela sexta vez e, se eleito, será o presidente mais idoso a tomar posse, e o primeiro brasileiro eleito presidente por três vezes. E as chances são altas: ele é favorito nas pesquisas de intenção, com 53% dos votos válidos no primeiro turno, de acordo com um levantamento do Datafolha do fim de junho.

Ele é ainda o primeiro candidato a presidente de uma federação partidária – modelo de aliança criado em 2021 em que dois ou mais partidos atuam como uma única sigla por pelo menos quatro anos. A federação partidária Brasil da Esperança é formada por PT, PC do B e PV e também realizou sua convenção nesta quinta-feira, após a reunião da executiva nacional do PT.

Segundo o calendário estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos têm entre 20 de julho e 5 de agosto para realizar suas convenções. Em seguida, podem fazer o registro da candidatura no TSE até 15 de agosto.

Na quarta-feira, o PDT realizou a convenção que oficializou a candidatura de Ciro Gomes ao Planalto. O PL confirmará a candidatura de reeleição do presidente Jair Bolsonaro em convenção no domingo.

Coligação

Na convenção desta quinta-feira, o PT formalizou ainda a coligação da federação Brasil da Esperança com outros partidos. Oficialmente batizada de movimento Vamos Juntos Pelo Brasil, a chapa reúne ao todo sete siglas, entre legendas grandes, como PT e PSB; médias, como Solidariedade; e de menor porte, como Psol.

Apesar do número considerável de partidos, essa não é a maior coligação já reunida por Lula. Em 1994, ele também disputou o Planalto com o apoio de sete siglas. Neste ano, a coligação inclui o Solidariedade, chefiado por Paulinho da Força, que apoiou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

O ex-presidente vem buscando montar um arco mais amplo de aliados para se posicionar como uma alternativa atraente contra o presidente de extrema direita Jair Bolsonaro. Lula ainda tenta negociar o apoio do MDB e PSD, legendas de centro-direita.

Alckmin vice

O carro-chefe dessa estratégia de ampliar o voto para além da esquerda é Alckmin, ex-tucano hoje filiado ao PSB. Governador de São Paulo de 2001 a 2006, e depois de 2011 a 2018, ele é o político que ocupou o cargo por mais tempo desde a redemocratização.

Alckmin, de perfil conservador, começou uma aproximação com o petista no fim do primeiro semestre de 2021, um lance que inicialmente provocou incredulidade entre observadores políticos.

Escolha de Alckmin como vice foi cartada de Lula para tentar atrair eleitores de centro-direitaA jogada de agregar um vice de um espectro político diferente tampouco   novidade para Lula, que em 2002 foi eleito tendo o empresário José Alencar como companheiro de chapa. Mas a formação de uma chapa com um antigo adversário político – Lula e Alckmin se enfrentaram nas eleições presidenciais de 2006 – foi uma das escolhas mais ousadas que o petista fez em sua carreira política.

Em dezembro, uma pesquisa Datafolha apontou que a entrada de Alckmin na chapa de Lula poderia aumentar a possibilidade de voto no ex-presidente para 16% dos eleitores. Para 70% dos entrevistados, a aliança com o ex-governador não mudaria a intenção de voto.

Apesar de Lula manter uma liderança incontestável dentro do PT, a estratégia de trazer Alckmin à chapa desagradou parte da militância, descontente de ver o ex-presidente se aliando com um conservador.

O programa de Lula

Lula lançou as diretrizes de seu programa de governo no fim de junho. Entre as propostas há uma reforma da legislação trabalhista realizada pelo governo Michel Temer, com a revogação de “marcos regressivos” da atual lei, sem detalhar quais.

A fim de enfrentar a fome e a pobreza, Lula propõe estabelecer uma política nacional de abastecimento de alimentos e retomar a marca do Bolsa Família – substituído por Bolsonaro pelo Auxílio Brasil.

A reforma do sistema de segurança pública, que avançou pouco nos governos do PT, também voltou ao programa de Lula, que promete modernizar instituições de segurança e carreiras policiais, e adotar mecanismos de fiscalização e supervisão da atividade policial.

O petista promete ainda acabar com a atual política de preços dos combustíveis adotada pela Petrobras, que considera o valor praticado no mercado internacional.

Sobre meio ambiente, Lula diz que estará comprometido com o desmatamento líquido zero no país, que considera na contabilidade a recomposição de áreas degradadas e o reflorestamento de biomas.

As diretrizes mencionam ainda a proteção dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, quilombolas e populações tradicionais, e o combate à mineração ilegal e ao crime ambiental.

Na economia, as diretrizes de Lula propõem a revogação do teto de gastos e uma reforma tributária com progressividade, “que simplifique tributos e em que os pobres paguem menos e os ricos paguem mais”.

O texto menciona também o fortalecimento da educação pública e do Sistema Único de Saúde (SUS), incentivo a políticas públicas de promoção da igualdade racial, combate ao racismo estrutural e respeito à comunidade LGBTQ.

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ek/bl/av (DW, ots)