Gustavo Petro e sua companheira de chapa Francia MarquezOs colombianos vão às urnas neste domingo (29/05) para eleger o próximo presidente do país. Quase 39 milhões de eleitores foram convocados para escolher quem vai suceder o atual mandatário Iván Duque e comandar o país entre 2022 e 2026. Seis candidatos disputam o páreo, após duas desistências, e o pleito tem um fato inédito: pela primeira vez um candidato de esquerda lidera as pesquisas.
Num país cansado da violência do conflito armado, do tráfico de drogas e da criminalidade, corrupção, pobreza e desigualdade que alimentaram protestos populares em 2019 e 2021, Gustavo Petro, candidato da coligação de esquerda Pacto Histórico, encontrou terreno fértil para o seu discurso de mudança.
Ex-guerrilheiro de 62 anos que comandou a prefeitura de Bogotá e que hoje ocupa uma cadeira no Senado, Petro concorre pela terceira vez à Presidência da República. Ele aparece com entre 35% e 40% das intenções de voto em diferentes pesquisas. Seu nome está praticamente confirmado no segundo turno.
Entre as propostas de Petro estão uma reforma para eliminar impostos de produtos da cesta básica e taxação de grandes fortunas e avançar com a reforma agrária, além de retomar as negociações com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que foram interrompidas pelo atual presidente, Iván Duque.
Ele ainda propôs em impor um prazo de validade para o funcionamento da indústria petrolífera do país, através da suspensão dos contratos de exploração, com o objetivo de avançar para "uma economia produtiva, não-extrativista" e fazer uma "transição para as energias limpas". Esta última proposta ainda assusta os mercados, já que a extração de petróleo representa cerca de 5% do PIB colombiano.
Num encontro com representantes de empresas americanas, Petro comparou o petróleo e o carvão - duas indústrias legais- com a cocaína e disse que "são três venenos", gerando ainda mais controvérsia.
Na campanha de Petro também se destaca a escolha da sua vice, a líder afro-colombiana Francia Márquez, que pode ser tornar a primeira mulher negra a assumir o segundo posto do Executivo do país.
Mas ainda há dúvidas sobrem quem enfrentará Petro no segundo turno. Na segunda posição nas pesquisas aparece o conservador Federico "Fico" Gutiérrez, ex-prefeito de Medellín, de 47 anos, que aparece com entre 20% e 25% das intenções de voto. Defensor de um liberalismo moderado, ele propõe aumentar investimentos em infraestrutura, o que tornou o candidato favorito do mercado.
Gutiérrez é seguido de perto pelo empresário populista independente Rodolfo Hernández, de 77 anos, que soma 19% das intenções de votos, e que já foi chamado de "Trump tropical" pela imprensa local e que subiu nos levantamentos nos dias que precederam o primeiro turno.
O conservador Federico ″Fico″ Gutiérrez, ex-prefeito de MedellínRecentemente, Hernández obteve o apoio da ex-refém da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Íngrid Betancourt, a única mulher que disputava a eleição, e que decidiu desistir da corrida devido aos maus resultados nas sondagens. Candidato do movimento Liga de Governadores Anticorrupção, criada por ele mesmo, Hernández evita se definir politicamente, embora suas propostas tendam mais ao populismo.
Em sua carreira política fez do título de "engenheiro" algo indissociável de seu nome, dando a ideia de que por ser rico não precisaria roubar dos cofres públicos.
O empresário chegou à disputa pela presidência com algumas polêmicas pelo caminho, como uma entrevista em 2016 na qual afirmou que admirava Adolf Hitler ou quando agrediu em 2018 um vereador.
Rodolfo Hernández, o ″Trump tropical″Um fator fundamental nestas eleições será a abstenção. Em 2018, quase metade da população, cerca de 47% dos colombianos, decidiu não ir votar, ao passo que no referendo sobre a paz, em 2016, a abstenção foi de 62% e foi uma das chaves para a vitória do 'não' ao acordo com as Farc.
Se não houver vencedor, o segundo turno será realizado no dia 19 de junho com os dois candidatos mais votados.
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jps (EFE, Lusa, AFP, ots)
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