Capitão Sigilo: governo federal aposta na falta de transparência com uso do dinheiro público em viagens a serviçoSob o comando do presidente Jair Bolsonaro (PL), o governo federal bateu um recorde na falta de transparência com o dinheiro gasto em viagens. Nos últimos dois anos, a cada R$ 4 pagos pelo Executivo em diárias e passagens, R$ 1 foi secreto.
Um levantamento feito pelo Brasil de Fato com dados do Portal da Transparência mostra que a administração bolsonarista decretou sigilo em 23% do valor pago em passagens aéreas e diárias com dinheiro público em 2020 e repetiu a proporção em 2021. É o mais alto patamar da história.
Em 2020, isso representou R$ 131 milhões gastos em viagens "secretas". Em 2021, foram R$ 178 milhões. Em 2019, a proporção caiu para 16%, mas o valor em dinheiro foi o maior dos últimos cinco anos: R$ 210 milhões.
No governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), a proporção de viagens secretas variou de 13% a 20%. Em valores, os gastos sob sigilo foram de R$ 161 milhões em 2017 a R$ 194 milhões em 2018. Nos anos sob chefia de Dilma Rousseff (PT), o percentual oscilou de 16% a 18%.
O Brasil de Fato procurou a Controladoria-Geral da União (CGU) na última sexta-feira (18), por e-mail. A assessoria de imprensa do órgão acusou o recebimento na mesma data. Procurada novamente pela reportagem nesta segunda-feira (21), a CGU parou de responder aos questionamentos.
No pedido de posicionamento, a reportagem perguntou à CGU se os dados indicavam uma regressão no nível da transparência e se o órgão possuía uma justificativa para o crescimento das "viagens secretas".
Em reportagem publicada no jornal Correio do Povo em dezembro de 2021, o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi apontado como responsável por todas as despesas com viagens sigilosas no governo federal.
De acordo com a publicação, os servidores responsáveis pelos deslocamentos são servidores das Polícias Federal, Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional.
O Brasil de Fato procurou o Ministério da Justiça para confirmar a informação, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto para manifestações do órgão.
Em dezembro, a pasta afirmou que “dados sobre quantitativo, distribuição, localização e mobilização de servidores dos órgãos citados são protegidos por sigilo, por contar com informações sensíveis que podem comprometer operações policiais ou expor atividades de inteligência, fiscalizações e outros trabalhos policiais”.
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Nas últimas semanas, viagens feitas por membros do alto escalão do governo federal, como o secretário especial de Cultura, Mário Frias, têm chamado a atenção de veículos de imprensa.
Frias enfrenta um pedido de investigação do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU), por ter gastado R$ 39 mil de dinheiro público em uma viagem a Nova York no final do ano passado. A informação foi revelada pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Nos Estados Unidos, o ator foi encontrar o o lutador de jiu-jitsu Renzo Gracie, também apoiador de Jair Bolsonaro (PL), para tratar de uma produção audiovisual.
O lutador convidou Frias para apresentar um “projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte", segundo o Portal da Transparência.
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Brasil de Fato
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