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Consultoria dos EUA que contratou Moro recebeu R$ 42,5 milhões de alvos da Lava Jato

O TCU ainda não sabe quanto a Alvarez & Marsal repassou ao ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro pelos serviços prestados

A consultoria norte-americana Alvarez & Marsal, que contratou o ex-juiz Sergio Moro após ele deixar o
governo de Jair Bolsonaro, recebeu 42,5 milhões de reais de empresas investigadas pela Lava Jato.

Os dados constam de documentos em posse do Tribunal de Contas da União e perderam o sigilo nesta sexta-feira 21, por decisão do ministro Bruno Dantas.

Os 42,5 milhões se dividem da seguinte forma:

  • 1 milhão por mês da Odebrecht e da Atvos (antiga Odebrecht Agroindustrial);
  • 150 mil da Galvão Engenharia;
  • 115 mil do Estaleiro Enseada (que tem como sócias Odebrecht, OAS e UTC);
  • e 97 mil da OAS.

O Ministério Público junto ao TCU e a Corte analisam a relação entre Moro e a Alvarez & Marsal.

Em dezembro, o subprocurador-geral junto ao TCU, Lucas Rocha Furtado, já havia manifestado a intenção de compreender os termos da atuação do ex-juiz, sob suspeita de ter recebido para fornecer informações privilegiadas à consultoria. Moro, como magistrado, julgou e condenou executivos da Odebrecht, cliente da Alvarez & Marsal no processo de recuperação judicial. O ex-ministro de Bolsonaro está na mira do TCU por um suposto conflito de interesses.

Moro, contratado pela consultoria em 2020, foi anunciado pela própria empresa como sócio-diretor de Disputas e Investigações. Poucos meses depois, conforme manifestação do escritório ao TCU, ele foi “rebaixado” a “consultor”. Em outubro de 2021, para Moro se dedicar à pré-campanha pelo Podemos à Presidência, o contrato foi rescindido.

O TCU ainda não sabe quanto a empresa dos Estados Unidos repassou a Moro pelos serviços prestados.

O outro lado

Em nota, Moro diz que nunca prestou “nenhum tipo de trabalho para empresas envolvidas na Lava jato” e
que, na Alvarez & Marsal, trabalhou “com compliance e investigação corporativa, ou seja, ajudando e
orientando empresas a construir políticas para evitar e combater a corrupção”.

Alega também jamais ter trabalhado ou prestado consultoria para a Odebrecht ou para empresas
investigadas na Lava Jato, “direta ou sequer indiretamente”.

“Portanto, os argumentos de que atuei em situações de conflito de interesse não passam de fantasia sem
base”, diz ainda a nota.

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Carta Capital