Ambientalistas se juntam em Glasgow demandando que líderes mundiais falem menos e atuem maisO comprometimento de reduzir a emissão de gás metano até 2030, manifestações nas ruas de Glasgow, declaração vaga sobre meio ambiente divulgada em vídeo por Jair Bolsonaro Bolsonaro e um acordo de financiamento bilionário para povos originários protegerem as florestas do planeta.
Esses foram os principais acontecimentos desta terça-feira (2) no terceiro dia da COP26, a Conferência Mundial sobre o Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que acontece na Escócia.
O Compromisso Global sobre Metano, firmado por líderes de mais de 96 países, incluindo o Brasil, visa até 2030 reduzir 30% das emissões do gás, em comparação com a década que nos antecede.
De acordo com o World Resources Institute (WRI), os signatários do acordo concentram dois terços da riqueza global e são responsáveis por ao menos 46% das emissões de metano no mundo.
O metano é o principal responsável pela formação do ozônio no nível do solo e um potente gás do efeito estufa.
No caso do Brasil, o maior exportador de carne bovina do mundo, alcançar a meta deve implicar em mudanças nos processos da agropecuária. Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg) indicam que o setor que emite 70% do gás metano do país é, justamente, o agropecuário.
Enquanto isso acontecia dentro da Conferência do Clima da ONU, manifestantes se juntavam do lado de fora, nas ruas de Glasgow.
Usando roupas inspiradas na série coreana Round 6 e máscaras de presidentes, incluindo o brasileiro Jair Bolsonaro, alguns ativistas fizeram uma intervenção com uma faixa onde se lia "líderes mundiais: parem com os jogos climáticos".
O grupo Extinction Rebellion é um dos que vem organizando protestos na cidade escocesa desde que o evento das Nações Unidas começou no final de semana. Em marchas, ativistas demandam ações ao invés de palavras e o fim do uso de combustíveis fósseis para geração de energia.
O presidente Jair Bolsonaro não foi à COP26. Justificando a ausência com "questões de agenda", optou por enviar o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, como o principal representante do governo brasileiro.
Nessa terça (2), no entanto, Bolsonaro divulgou uma declaração em vídeo para a Conferência da ONU. "No combate à mudança do clima, sempre fomos parte da solução, não do problema", afirma.
Dizendo ter lançado as bases de um "programa nacional de crescimento verde", Bolsonaro se limitou a fazer um anúncio vago, afirmando que "traz as preocupações ambientais para o centro da agenda econômica" e que "direcionando recursos e atraindo investimentos", pretende garantir a "geração de empregos verdes".
Assim, Bolsonaro ressaltou que vai "consolidar" o Brasil como "a maior economia verde do mundo".
Além de 17 doadores privados norte-americanos, representantes governamentais do Reino Unido, Noruega, Alemanha, Estados Unidos e Holanda firmaram um acordo para investir 1,7 bilhão de dólares em povos originários que atuam na proteção de florestas.
O valor será passado até 2025 para comunidades que compõem a Aliança Global de Comunidades Territoriais (GATC). A articulação reúne organizações de 24 países da América Latina, África e Ásia.
Oswaldo dos Santos Lucon, coordenador-executivo do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, está também em Glasgow. Mas a partir dessa terça (2), não mais representando o órgão.
Em meio à realização da COP26, da qual está participando, Lucon pediu exoneração do cargo para o qual foi nomeado por Bolsonaro, em maio de 2019.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Lucon disse que "seu intuito" era "colocar o governo federal em contato com a sociedade civil, promover o diálogo de uma forma transparente, baseada na ciência e em reforço às nossas instituições". Ao que complementou: "Não foi o que aconteceu".
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Brasil de Fato
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