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Atualidades

WhatsApp, Facebook e Instagram sofrem queda generalizada no mundo todo por mais de seis horas

Após horas de apagão global, os três serviços começaram a se recuperar de forma lenta e desigual na noite desta segunda-feira, conforme confirmado por um porta-voz do Facebook

Facebook, Instagram e WhatsApp sofreram uma queda generalizada nesta segunda-feira por mais de seis horas, o que afetou seus serviços globalmente, como a empresa já reconheceu em várias mensagens na rede social Twitter. Por enquanto, o Facebook, que também é dono do Instagram e do WhatsApp, não deu nenhuma explicação sobre o que causou o problema. Na ausência dessa explicação, os especialistas acreditam que a falha se deve a problemas com o sistema de nomes de domínio da Internet (DNS por sua sigla em inglês). A queda geral ocorre em um momento muito delicado para a empresa, sob os holofotes nas últimas semanas por uma investigação jornalística que expôs documentos internos que revelam como a companhia estava ciente da toxicidade do Instagram para muitos adolescentes.

Por volta das 20 horas (horário de Brasília), os três serviços aparentemente começaram a se recuperar, de forma lenta e irregular. Andy Stone, responsável pela comunicação oficial do Facebook, confirmou no Twitter que os serviços e aplicativos da empresa estavam novamente acessíveis. “Obrigado pelo apoio”, disse.

Os problemas começaram por volta das 13h e impediram completamente o funcionamento dos três aplicativos: as informações não puderam ser atualizadas, enviadas ou recebidas. O Downdetector, uma página que registra comentários de usuários quando uma plataforma de internet falha, coletou dezenas de milhares de reclamações de pelo menos 45 países desde a queda.

Quanto ao WhatsApp, 43% dos usuários reclamaram de problemas de conexão; 29%, de problemas para enviar ou receber mensagens e 28%, de problemas com todo o aplicativo. No caso do Instagram, 36% dos usuários não encontraram nada funcionando, 33% reclamaram de problemas de servidor e 31% de dificuldade para carregar conteúdo.

John Graham-Cumming, chefe de tecnologia da Cloudflare, uma famosa empresa de servidores em nuvem, detectou por volta das 13h50 como o Facebook desapareceu da internet: quando alguém digita facebook.com em seu navegador, o sistema de nomenclatura do domínio DNS não sabe para onde ir, porque o percurso mudou e não reconhece um novo. Esse parece ser o problema definidor desse longo declínio. O jornalista independente especialista em segurança cibernética Brian Krebs diz ter confirmado que o problema vem do DNS, embora não esteja claro o que poderia ter causado isso.

EL PAÍS consultou dois especialistas que, sem ter logicamente todas as informações, especulam que se trata de um erro de BGP, um percurso mais complexo que atravessa o DNS e que também dificulta a sua reparação. As quase quatro horas de indisponibilidade dos serviços do Facebook seriam, de momento, justificativas para a recuperação de um problema deste tipo.

Os serviços de realidade virtual do Facebook também foram afetados pela queda. Um repórter do The New York Times conversou com vários funcionários do Facebook em Palo Alto e as ferramentas de comunicação interna da empresa também não estão funcionando: “É como um dia de neve”, descrevem.

Os problemas coincidem com algumas semanas muito difíceis para o Facebook. As reportagens exclusivas sobre documentos internos da empresa que o Wall Street Journal vem divulgou neste domingo foram acompanhadas pela saída à luz de sua “garganta profunda”, Frances Haugen, que esta terça-feira prestará depoimento no Congresso. Na noite de domingo, Haugen declarou no programa 60 minutes que a empresa sempre priorizou a busca pelo lucro acima do interesse do público.

Um sistema vulnerável

Em 22 de julho, uma queda nos serviços da empresa norte-americana de serviços na nuvem Akamai provocou interrupções nos sites de firmas como AirBNB, plataformas de games como Playstation Network e Steam, companhias aéreas como Delta Air Lines, redes de distribuição como Costco Wholesale, serviços financeiros como American Express, bancos como BBVA e meios de comunicação como o EL PAÍS, entre outros.

Ainda mais grave foi a falha global na rede de distribuição de conteúdo Fastly, que em 8 de julho deixou milhares de sites do mundo inteiro fora do ar. Empresas como Amazon, EL PAÍS, The New York Times, Twitch, Financial Times e Reddit tiveram problemas e, em alguns casos, permaneceram inacessíveis para os usuários durante quase uma hora. No dia seguinte, a Fastly explicou que a ação inocente de um cliente ativou um erro de software que permanecia oculto e provocou a queda global.

Esses incidentes, incluindo a interrupção dos serviços do Google em dezembro passado, evidenciaram a vulnerabilidade das conexões digitais e a debilidade do sistema que sustenta o funcionamento da rede, num momento em que as empresas e os usuários dependem mais do que nunca deles para o teletrabalho.

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