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Decisão de suspender vacinação entre adolescentes teve contribuição de Bolsonaro, diz Queiroga

Em transmissão pela internet ao lado do presidente, ministro da Saúde afirmou que os dois têm "conversado sobre o tema"

″Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento″, disse o ex-capitão sobre decisões referentes à imunização dos brasileiros contra a covidO ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que conversas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tiveram peso na suspenção da vacinação contra o coronavírus entre adolescentes, tomada por sua pasta. A afirmação foi feita em meio a críticas de que órgãos técnicos essenciais não foram consultados por autoridades estaduais para a decisão.

Na quarta-feira (15), a Saúde divulgou uma nota informativa restringindo a aplicação do doses apenas a jovens com comorbidades, deficiências permanentes ou que sejam privados de liberdade.

Em resposta, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) divulgaram posicionamento em que afirmam que não houve diálogo sobre o tema e alertam que a Câmara Técnica do Plano Nacional de Imunização nem mesmo foi informada sobre a mudança.

"Ao implementar unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico, coloca-se em risco a principal ação de controle da pandemia. Apesar de a vacinação ter levado a uma significativa redução de casos e óbitos, o Brasil ainda apresenta situação epidemiológica distante do que pode ser considerado como confortável", afirmaram.

O ministro citou a influência do presidente em transmissão ao vivo pela internet ao lado de Bolsonaro, "O senhor tem conversado comigo sobre esse tema, e nós fizemos uma revisão detalhada no banco de dados do DATASUS", disse o ministro.

Na sequência, Bolsonaro afirmou que as conversas não são imposições: "Eu levo para ele o meu sentimento, o que eu leio, o que eu vejo, o que chega ao meu conhecimento", tentou explicar o presidente.

Entenda

Após a divulgação da nota informando que a imunização entre adolescentes de 12 a 17 anos seria restrita a grupos específicos, o ministro Marcelo Queiroga deu uma entrevista coletiva para falar sobre a decisão nesta quinta.

Ele citou a observação de efeitos adversos leves em 1,5 mil vacinados e vacinadas e uma morte, que aconteceu em São Paulo. Não há, no entanto, qualquer confirmação de relação entre o caso e a vacina até o momento. O óbito, no município de São Bernardo do Campo, está em investigação por ter ocorrido após a imunização, o que é procedimento padrão.

Queiroga criticou estados que começaram a aplicar doses em adolescentes antes da data estabelecida pelo governo federal e disse que foram encontrados indícios de que imunizantes não autorizados para essa faixa etária foram usados. O ministro não apresentou detalhes sobre as afirmações.

Ao tratar do assunto, Conass e Conasems alertam que é preciso considerar se o dado é real, "uma vez que erros de registro vêm sendo identificados, tanto por eventual esgotamento dos servidores, como por dificuldades relacionadas aos sistemas de informação".

As instituições manifestam ainda "solidariedade aos milhares de trabalhadores que vêm atuando na Campanha de Vacinação contra a Covid-19", frente a afirmações do próprio ministro de que houve erro nas aplicações.

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Brasil de Fato