A dupla brasileira Martine Grael e Kahena Kunze celebra a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio nesta terça-feira, 3 de agostoMartine Grael e Kahena Kunze mantiveram viva a tradição brasileira de subir ao pódio na vela desde a Olimpíada de Atlanta, em 1996. Nos Jogos Olímpicos de Tóquio não foi diferente. A dupla chegou em primeiro lugar na madrugada desta terça-feira na regata decisiva da classe 49er FX e ganhou medalha de ouro. Foi a segunda participação da dupla numa Olimpíada e a segunda vez que conquistam uma medalha, depois do ouro olímpico na Rio 2016. “Depois de uma semana tão dura, está difícil de processar”, disse Kahena logo após a vitória. Com o resultado, o Brasil passa a acumular 12 medalhas e deixa o país em 16° colocação no torneio.
Martine e Kahena ficaram em terceiro lugar na última regata, mas ainda assim terminaram o torneio em primeiro, à frente das rivais das holandesas Annemiek Bekkering e Anette Duetz das alemãs Tina Lutz e Susann Beucke, rivais diretas pelo título. “A gente foi pelo instinto. O truque foi manter a calma e velejar como a gente sabe, botar em prática todos esses anos que estamos velejando juntas”, afirmou ainda Kahena. A dupla brasileira é número um do mundo no ranking da classe 49er FX. Além das medalhas olímpicas, a dupla conquistou um ouro e quatro pratas em campeonatos mundiais, além de um ouro e uma prata em Jogos Pan-Americanos.
Filhas de velejadores experientes e campeões em suas categorias, as duas vêm de linhagens vencedoras no esporte. Kahena, de 30 anos, é filha de Claudio Kunze, campeão mundial júnior na classe Pinguim nos anos 1970. No caso de Martine, também 30 anos, a medalha em Tóquio 2020 é a nona da família Grael, símbolo de vitória em Jogos Olímpicos. Seu pai, Torben Grael, é o maior medalhista olímpico do Brasil ao lado do também velejador Robert Scheidt, ambos com cinco medalhas. Torben tem dois ouros, uma prata e dois bronzes olímpicos. Já o tio de Martine, Lars, tem duas medalhas de bronze em Jogos. Segundo ela conta, o tio, que sofreu um acidente em 1998 e perdeu a perna, foi sua maior inspiração.
O esporte entrou muito cedo na vida da dupla por influência da família. Foi aos quatro anos de idade que Martine começou a velejar, no Rio Yacht Club. Em 2004 e 2006 foi bicampeã brasileira da classe Optimist, a categoria de entrada da vela indicada para jovens de 16 anos. Nessa época era adversária de Kahena, que começou a velejar também muito cedo na Represa de Guarapiranga, em São Paulo, antes de se mudar para o Rio aos 10 anos. A amizade fora d’água foi levada para dentro do barco e, em 2009, as duas passaram a competir juntas na classe 420.
“Foi um ciclo de um ano a mais, foram cinco anos que a gente passou entre tristezas e alegrias”, explicou Martine após a regata final, sobre como a pandemia impactou no trabalho da dupla. Já Kahena disse esperar que o ouro traga outras mulheres para o esporte. “A gente tem meninas que já com a nossa última medalha abriram o horizonte, e é isso o que a gente quer. A gente quer inspirar e trazer a vela feminina como um legado.”
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