Elevação da temperatura, chuva frequente, ventos com intensidade moderada à forte. Essas são algumas das características do verão no Hemisfério Sul, que começou neste domingo (22) e segue até o dia 20 de março de 2020. Na região Norte, a estação é reconhecida especialmente por um aspecto: as fortes chuvas. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Belém registrou o mês de novembro mais chuvoso dos últimos anos, na comparação com o período de 1981-2010.
Devido à intensidade das chuvas que marcam o verão amazônico, é importante tomar alguns cuidados. O principal é observar as condições climáticas para, se for o caso, providenciar abrigo. “Ao reconhecer a possibilidade de uma chuva forte, a pessoa deve se precaver para que não esteja desabrigada. Deve ficar, de preferência, dentro do ambiente onde estiver até que pare de chover”, recomenda o capitão do Corpo de Bombeiros do Pará, Leonardo Sarges. Além de observar o volume de água precipitado, é preciso ainda atenção a outra característica do clima nesse período: a incidência de raios.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no Brasil, caem 77.8 milhões de raios por ano. É o maior país da zona tropical do planeta, onde o clima é mais favorável à formação de tempestades e de raios. São três tipos: o que acontece apenas entre as nuvens, caracterizado pelo relâmpago (descarga elétrica formada nas nuvens de tempestade), que faz um trajeto mais ou menos horizontal. O outro tipo é o que segue acima das nuvens e, portanto, não atinge o solo. Por fim, há o raio conhecido como nuvem-terra. “É o mais perigoso para nós, pois é uma descarga elétrica que desce da nuvem e, geralmente, atinge estruturas com extremidades pontiagudas, como as árvores”, alerta o capitão Leonardo.
Capitão dos Bombeiros, Leonardo SargesFoto: Alex Riberio / Ag. ParáPor isso, é fundamental que a pessoa – caso esteja na rua durante forte chuva – não procure abrigo embaixo de árvores, perto de postes ou qualquer construção que tenha partes pontiagudas e possam atrair os raios. “O indivíduo tende a acreditar que estará abrigado, mas na verdade estará no ponto mais crítico: um terreno descampado, onde se formam essas ‘pontas’ que têm o poder de atrair os raios”, avisa Leonardo. O oficial alerta ainda que, se a pessoa estiver dentro de um carro, o local mais seguro é dentro do veículo mesmo, mantendo os vidros fechados e aguardando a chuva passar.
Riscos – A intensidade típica da corrente elétrica de um raio é de 30 mil amperes, o equivalente a cerca de mil vezes a intensidade de um chuveiro elétrico. Se um raio atingir uma residência ou área próxima, a fiação elétrica do lugar corre riscos. “A descarga elétrica pode se distribuir na fiação e danificar aparelhos. Às vezes, vem com tamanha força que pode até comprometer a estrutura física do local”, observa o capitão do Corpo de Bombeiros.
Cidália Brito tem atenção às chuvas fortes desde pequenaFoto: Ricardo Amanajás / Ag. ParáA atenção às chuvas fortes é algo que Cidália Brito cultiva desde a infância. Se nota a ocorrência de relâmpagos, ela desliga os eletrodomésticos da tomada. No trabalho, dentro de um salão de beleza, sempre observa as condições climáticas. “Se tá caindo uma chuva fina, continuo trabalhando. Quando começa a ter relâmpago, eu desligo a central de ar diretamente no registro. Nessa hora também não uso aparelhos como secador de cabelo e chapinha, porque usam muita energia elétrica e tem partes de metal, que podem conduzir a eletricidade”, ressalta.
O cuidado na hora da chuva também é direcionado às filhas. “Quando tá chuviscando, ainda deixo elas brincarem na parte externa. Mas quando fica forte e começa a ter relâmpagos, elas saem da piscina, saem da rua. Tiro imediatamente, porque a água também conduz facilmente energia”, revela Cidália.
A precaução da mãe é justificada pelo capitão Leonardo. “Se um pedaço eletrificado pelo raio cai dentro d'água, a energia vai se difundir e atingir as pessoas que estão dentro desse líquido”, explica o oficial dos bombeiros. Por isso, outra recomendação é que durante as chuvas intensas, a pessoa não esteja dentro de piscina, praia, açude.
Aparelhos eletrodomésticos devem ser retirados da tomada durante a incidência de chuvas fortesFoto: Ricardo Amanajás / Ag. ParáCidália revela ainda um cuidado que viu a mãe e a avó adotarem durante os temporais: a de cobrir os espelhos, para evitar que se quebrem. Mas, de acordo com Leonardo Sarges, a medida é mais um costume do que uma prevenção efetiva, já que no Brasil colonial, as residências tinham espelhos muito grandes e a estrutura deles eram pontiagudas. “Às vezes, acontecia de um raio atingir o espelho, mas não era por conta do vidro em si, mas da estrutura dele. Então cobrir o espelho com lençol não possui comprovação científica. É apenas mito”, explica o capitão.
Algumas medidas que devem ser tomadas antes, durante e após a ocorrência de chuvas fortes.
Antes:
- Verificar a previsão do tempo e procurar local abrigado (residência, local do trabalho, etc)
Durante:
- Se estiver dentro de um veículo, permanecer em seu interior, mantendo vidros fechados.
- Não tentar se proteger debaixo de árvores, postes.
- Dentro de casa, afastar-se da fiação elétrica, evitar usar objetos metálicos, desligar os registros de gás e de eletricidade, evitar utilizar equipamentos eletrônicos, até mesmo o celular.
- Deve-se ter um cuidado especial com crianças, por conta do comportamento infantil, e com idosos, que também são muito vulneráveis, a fim de evitar quedas em terrenos escorregadios ou atingidos por descarga elétrica.
- O Corpo de Bombeiros recomenda ainda que as pessoas permaneçam em suas residências em caso de falta de energia elétrica provocada pela chuva.
Após:
- Em caso de local inundado, pedir ajuda para se deslocar, pois há risco de a pessoa ser levada pela correnteza.
- Deve-se tomar cuidado com buracos, bueiros, evitar contato ao máximo com a água desses espaços, a fim de evitar o contágio de doenças.
Serviço:
O atendimento do Corpo de Bombeiros funciona de forma integrada com a Polícia Militar. A população pode acionar o serviço pelo número 193 ou através da Polícia Militar, no 190, para informar sobre vítimas ou solicitar apoio.
O Corpo de Bombeiros está a postos 24h com as guarnições de serviço. Quando acionadas, são direcionadas, seja por viaturas ou por embarcações, para atender ocorrências de choque, colisão e queda. Atende também vítimas de trauma e as direciona até o hospital mais próximo.
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