Segundo organizadores, avenida Presidente Vargas, no Rio de Janeiro, reuniu 75 mil pessoas para pedir impeachment do presidente Jair BolsonaroPela quarta vez em menos de dois meses, a população foi às ruas em centenas de cidades no Brasil e no mundo em protesto contra o governo Jair Bolsonaro, pela aceleração do programa de vacinação e em defesa da democracia.
De acordo com o estimativa dos organizadores dos atos, as manifestações reuniram cerca de 600 mil em 509 protestos realizados no Brasil e no exterior, sendo pelo menos 12 capitais estaduais e em Brasília (DF).
Além das principais bandeiras de reivindicação - defesa da democracia e das eleições, contra a propina da vacina e a favor da aceleração da vacinação em todo o país -, mais uma vez estiveram presentes as homenagens aos mais de 540 mil mortos vítimas da covid no Brasil.
A Campanha #ForaBolsonaro, organizada por uma série de entidades da socidade civil e agremiações políticas, ganhou mais capilaridade, evidenciada pelo aumento das cidades em que ocorreram as manifestações, mantendo a mobilização que teve início com o primeiro ato, em 29 de maio deste ano.
Em São Paulo, milhares de manifestantes fecharam a avenida Paulista nos dois sentidos. Os manifestantes começaram a se reunir na altura do Masp, no meio da avenida, por volta das 15h. Por volta das 16h, já ocupavam as duas faixas da avenida até a rua da Consolação, de onde seguiram em direção à praça Roosevelt, no centro da cidade. Até as 19h45, não havia registro de incidentes.
O ato contou com a participação dos ex-candidatos à presidência Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), que discursaram em carros de som. O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP), de 80 anos, também marcou presença, em seu primeiro protesto desde o início do surto de coronavírus.
No Rio de Janeiro, o ato teve início às 10h, com concentração no Monumento Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, e percorreu os quase quatro quilômetros da via, que é uma das principais da cidade, até a Igreja da Candelária. Segundo as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a manifestação reuniu 75 mil pessoas.
Durante o ato, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB) comentou a presença de militares no governo Bolsonaro e as ameaças de golpe feitas na semana passada pelo ministro da Defesa, General Braga Netto, que afirmou que não haverá eleição em 2022 se não houver o voto impresso.
"Não nos movimentamos sob ameaça. O Congresso Nacional é um poder da República brasileira e vai derrotar o voto impresso, porque o voto impresso não é o voto que o Brasil quer, a urna eletrônica é auditável. Bolsonaro quer deslegitimar as eleições. Vamos fazer a luta política avançar, ela vai avançar nas ruas, no Congresso. Lugar de militar da ativa é no quartel, é nas tropas, não é no governo", disse Jandira.
No Rio Grande do Sul, o dia ensolarado de inverno fez com que cerca de 100 mil gaúchos - segundo os organizadores - fossem às ruas demonstrar seu descontentamento com o governo federal em mais de 60 cidades.
Os manifestantes também lembraram a ameaça do governo Bolsonaro às eleições de 2022, pontuando o desejo do presidente e de alguns dos seus ministros pela volta do voto impresso. Como o caso do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, que teria condicionado as próximas eleições à aprovação no Legislativo do voto impresso.
Durante as caminhadas, tanto no Interior quanto na Região Metropolitana de Porto Alegre e na capital, muitas pessoas nos comércios, nas calçadas e nas janelas dos prédios manifestaram apoio às manifestações.
Em Pernambuco os atos ocorreram do sertão ao litoral, incluindo as cidades de Caruaru, Garanhuns, Recife, Palmares, Petrolândia, Petrolina, São José do Egito e Serra Talhada.
Na capital Recife, o ato que contou com a presença de cerca de 30 mil manifestantes, segundo as organizações, teve concentração na Praça do Derby com início às 10h. Às 11h, os manifestantes saíram em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista em direção à Avenida Guararapes.
Já em Fortaleza, capital do Ceará, a manifestação também teve início às 15h na Praça Portugal, no bairro Aldeota. Do local, ela seguiu em direção ao Centro Dragão do mar de Arte e Cultura, no bairro Praia de Iracema. Ao ver a manifestação passar em frente a sua casa, a nutricionista Luiza Teixeira, aproveitou para sair também em apoio ao ato, em uma postura de adesão natural às manifestações que se viu ocorrer em todo país.
Em entrevista ao Brasil de Fato, ela observou que “temos que manifestar nossa opinião porque já são quase 600 mil pessoas mortas por conta dessa pandemia e por conta da negligência desse desgoverno. E eu acho que a gente precisa tirar ele o quanto antes do nosso país porque vai acabar com tudo."
E concluiu: "Ele está acabando com a nossa saúde, com a nossa existência. Então é importante fazermos isso hoje (o ato) porque é uma forma de mostrarmos nossa indignação”.
Em Brasília, os manifestantes se reuniram no Museu Nacional. “Estamos deixando neste protesto as marcas da liberdade, da democracia. Fora Bolsonaro, o seu lugar é na cadeia. É esse movimento que segue em frente em nome de Marielle, em nome da rainha Tereza de Benguela, em nome de Zumbi, de Dandara, de Margarida Alves e Chico Mendes que vai arrancar a faixa presidencial que está no peito estufado do fascista”, discursou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) durante o ato.
Em Blumenau (SC), uma faixa resumiu o espírito de quem foi às ruas: "Não tire a máscara. Tire o presidente"
Cidades como Bruxelas, Tóquio, Berlim, Paris, Viena, Londres, Zurique, Freiburg, entre outras, registram manifestações pelo impeachment do presidente. São ao menos 35 cidades no exterior, em 15 países. Nas redes sociais, a hashtag #24JForaBolsonaro figuraram entre as mais comentadas, com engajamento internacional, desde as primeiras horas da manhã deste sábado.
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Brasil de Fato
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