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País tem 18 milhões de casos de covid; Bolsonaro defende de novo 'tratamento precoce'

Momento só não é pior do que 2ª quinzena de março, quando sistema de Saúde entrou em colapso por falta de leitos de UTI

Na medida em que se empilham os mortos, protestos contra Bolsonaro também aumentaA pandemia segue sem controle no país e desde o início do mês, com números de casos e de mortes diárias em constante alta. A última semana foi a terceira com maior número de novos contaminados desde o início do surto, em março de 2020. Foram registrados 508.932 doentes em sete dias, sendo 123 mil apenas em São Paulo.

O momento só não é pior do que a segunda quinzena de março último, quando o país entrou em colapso por falta de leitos de UTI. Enquanto a pandemia se agrava, o presidente protagoniza mais um episódio de agressão a profissionais de imprensa e desprezo pela crise sanitária.

Nesta segunda-feira (21), foram informados 38.903 registros de novos contágios em 24 horas. O total acumulado de casos de covid-19 no Brasil está em 17.966.831. Mas seguramente, dada a baixa notificação de registros em finais de semana – e a já conhecida subnotificação no país –, já terão sido superados os 18 milhões de casos.

Oficialmente, esse patamar será ultrapassado na terça-feira (22). Em relação às mortes, foram 761 nas últimas 24 horas, totalizando 502.586, segundo o painel consolidado pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

A elevação no número diário de casos tende a se refletir com maior força nas mortes após duas semanas; período médio em que o coronavírus se manifesta com maior intensidade e letalidade.

Entretanto, a mudança no perfil dos internados, que são cada vez mais jovens, pode alterar essa dinâmica. Isso, porque os mais jovens resistem mais tempo à doença. Este aspecto também significa maior necessidade de leitos de UTI, que ficam ocupados por maior tempo.

Presidente volta a reclamar da máscara

Neste ano, o Brasil é o país que registra mais mortes por covid-19 no mundo. A mortalidade no país é 4,4 vezes mais alta do que a média global. Em vez de mais de meio milhão de mortos, o Brasil, caso estivesse nessa média, teria por volta de 150 mil vítimas.

Entretanto, além da crise provocada pelo vírus, o país enfrenta o negacionismo do governo federal, já que Jair Bolsonaro se comporta como aliado do vírus. Isso porque estimula e promove aglomerações, rejeita o uso de máscaras, ataca com mentiras vacinas e tenta impedir que estados e municípios adotem medidas de segurança.

Hoje, Bolsonaro tirou a máscara diante de uma repórter durante sua chegada em Guaratinguetá (SP), e a mandou “calar a boca“. “Eu faço o que eu quero”, disse. “O uso de máscaras é lei estadual”, retrucou a repórter daTV Vanguarda, filiada da Rede Globo. “Canalhas”, respondeu Bolsonaro. O gesto foi seguido por membros de sua comitiva que também tiraram as máscaras.

O destempero de Bolsonaro foi apontado como uma atitude desesperada do presidente por opositores, pois o presidente estaria se sentindo acuado diante dos avanços da CPI da Covid. As investigações apontam para sua responsabilidade direta na má condução da pandemia e, além disso, cresce a pressão de manifestações cada vez maiores contra seu governo.

“Sem equilíbrio psicológico, Bolsonaro sentiu a força das ruas, está acuado e desesperado. Ataca Globo, tira máscara, berra com repórter… Ele sabe que a #CPIdaCovid chegou no mandante e não terá volta”, relatou o senador Rogério Carvalho (PT-SE), membro da comissão.

O deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP), médico e ex-ministro da Saúde, disse que o vídeo de Bolsonaro atacando a imprensa é um “atestado da política de morte” bolsonarista. “Bolsonaro retira máscara e Carla Zambelli, logo após, faz o mesmo. Esse é o exemplo que dá o presidente na mesma semana em que alcançamos 500 mil mortos”, afirmou.

O biólogo e divulgador científico Atila Iamarino lamentou sobre o trabalho ingrato dos que tentam salvar vidas no Brasil. “Como informar sobre distanciamento social, algo que a maioria nunca precisou fazer? Informar que o vírus circula pelo ar e precisamos ventilar ambientes? Como ensinar qual a máscara adequada e como usar? Como falar da importância da 2ª dose?”

Já a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), resumiu: “Agressividade de Bolsonaro com jornalistas mostra um presidente descompensado, raivoso, que não tolera o contraditório”, tuitou. Uma pessoa assim não tem condições de governar e precisa sair o quanto antes. O genocida faz mal à saúde do povo e à democracia.”

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Brasil de Fato