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Poder

Na TV, Bolsonaro promete vacina e crescimento, e é alvo de panelaços

Presidente diz que todo brasileiro que quiser será vacinado até o final do ano. Protestos eclodem em várias cidades, e senadores da CPI da Pandemia afirmam que "reposicionamento vem tarde demais"

Morador de prédio em São Paulo bate panela durante o pronunciamento do presidentePanelaços e gritos contra Jair Bolsonaro  foram ouvidos em diversas capitais do país na noite de quarta-feira (2/06), enquanto o presidente fazia um pronunciamento em rede nacional de rádio e TV para defender a vacinação, mencionar números positivos sobre a economia e reiterar sua posição contrária ao isolamento social.

O presidente tem sido pressionado pelas atividades da CPI da Pandemia no Senado, sobre a qual não tem controle, e foi alvo neste sábado de manifestações de rua em pelo menos 180 cidades que pediam o seu impeachment.

Números sobre vacinas

Em uma fala de cinco minutos, Bolsonaro defendeu a política de vacinação contra a covid-19 desenvolvida pelo governo federal e disse que todos os brasileiros que desejarem serão vacinados até o final do ano.

"Hoje alcançamos a marca de 100 milhões de doses de vacinas distribuídas a estados e municípios. O Brasil é o quarto país que mais vacina no planeta", afirmou o presidente, usando o número absoluto de doses, sem levar em conta a população de cada país. Quando é considerada a população, o Brasil é o 64º país do ranking de vacinação, com cerca de 32 doses aplicadas a cada 100 habitantes.

Em diversos momentos da pandemia, Bolsonaro reduziu a importância das vacinas e questionou a sua eficácia, e alguns depoimentos da CPI da Pandemia mostraram como o governo hesitou em apoiar a produção da Coronavac pelo Instituto Butantan e recusou diversas ofertas de doses feitas pela farmacêutica Pfizer.

Contra o isolamento

Bolsonaro manteve seu posicionamento contrário ao isolamento social, adotado por países que conseguiram controlar o número de novos casos e mortes e considerado por especialistas uma medida necessária para combater a disseminação do vírus enquanto a população não atinge a imunidade coletiva por meio de vacinação.

"O nosso governo não obrigou ninguém a ficar em casa, não fechou o comércio, não fechou igrejas ou escolas e não tirou o sustento de milhões de trabalhadores informais. Sempre disse que tínhamos dois problemas pela frente, o vírus e o desemprego, que deveriam ser tratados com a mesma responsabilidade e de forma simultânea", afirmou o presidente.

Promessa de crescimento

Ele também utilizou o tempo em rádio e TV para mencionar números positivos da economia, como a criação de mais de 900 mil empregos nos quatro primeiros meses do ano, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), e a projeção de que o Produto Interno Bruto (PIB) poderá crescer mais do que 4% neste ano.

O PIB brasileiro cresceu 1,2% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o último trimestre de 2020, segundo dados divulgados nesta terça pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e voltou ao patamar pré-pandemia. O desemprego, porém, segue no recorde da série histórica, e atingiu 14,7% no primeiro trimestre.

CPI da Pandemia divulga nota

Após o pronunciamento de Bolsonaro, o presidente da CPI da Pandemia no Senado, Omar Aziz (PSD-AM), o vice-presidente, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgaram nota na qual afirmam identificar uma "inflexão" do presidente no discurso favorável à vacinação, mas que veio com "um atraso fatal e doloroso".

"O Brasil esperava esse tom em 24 de março de 2020, quando inaugurou-se o negacionismo minimizando a doença, qualificando-a de 'gripezinha' (...) A fala deveria ser materializada na aceitação das vacinas do Butantan e da Pfizer no meio do ano passado, quando o governo deixou de comprar 130 milhões de doses", afirma a nota.

"A reação é consequência do trabalho desta CPI e da pressão da sociedade brasileira que ocupou as ruas contra o obscurantismo. Embora sinalize com recuo no negacionismo, esse reposicionamento vem tarde demais", escrevem os senadores.

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bl (ots)