Convidado desta segunda-feira (31/5) do programa Roda Viva, da "TV Cultura", o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) criticou a estratégia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de valorizar a imunidade de rebanho para tentar superar as mortes por COVID-19. Vice-presidente da CPI da COVID no Senado, ele disse que o chefe do Executivo pensou apenas em interesses eleitorais.
“A estratégia do presidente nos levou ao desastre. Ele imaginava que tínhamos de sair da pandemia, recuperar-se da pandemia e iniciar a recuperação econômica para chegar bem do ponto de vista eleitoral em 2022. Ele colocou os interesses eleitorais acima dos interesses da vida dos brasileiros”, afirmou Randolfe.
Ele também ironizou o possível gabinete alternativo para cuidar das ações da pandemia, criando meios para a aprovação de medicamentos sem eficácia científica, como a cloroquina e a ivermectina.
“Enquanto teve um comando da ciência da condução da pandemia, nas gestões dos ministros Mandetta e Nelson Teich, tinha um gabinete alternativo e paralelo para atender a lógica do presidente. E qual a lógica? O presidente pensou em contaminar todos, em infectar todos, a chamada imunidade de rebanho, como estratégia para nos levar à pandemia”, disse Randolfe.
Ele defendeu também uma investigação pela CPI dos recursos aplicados pelo governo federal, como a reforma de prédios públicos do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro.
"O que ocorreu nas licitações do Rio de Janeiro, quando os brasileiros precisavam de vacinas e médicos, não é normal. As negociações extraoficiais para vacinas são estranhas. Os contratos do Ministério da Saúde merecem detalhamento melhor. Há um rastro de dinheiro público não corretamente aplicado e merece ser investigado”.
"O presidente entrou em contato com o primeiro-ministro da Índia para aquisição de cloroquina quando precisávamos de vacinas. Temos que ir a fundo nesses contatos e obsessão por tratamentos sem eficácia”, completou.
O que é uma CPI?
As comissões parlamentares de inquérito (CPIs) são instrumentos usados por integrantes do Poder Legislativo (vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores) para investigar fato determinado de grande relevância ligado à vida econômica, social ou legal do país, de um estado ou de um município. Embora tenham poderes de Justiça e uma série de prerrogativas, comitês do tipo não podem estabelecer condenações a pessoas.
Para ser instalado no Senado Federal, uma CPI precisa do aval de, ao menos, 27 senadores; um terço dos 81 parlamentares. Na Câmara dos Deputados, também é preciso aval de ao menos uma terceira parte dos componentes (171 deputados).
Há a possibilidade de criar comissões parlamentares mistas de inquérito (CPMIs), compostas por senadores e deputados. Nesses casos, é preciso obter assinaturas de um terço dos integrantes das duas casas legislativas que compõem o Congresso Nacional.
O que a CPI da COVID investiga?
Instalada pelo Senado Federal em 27 de abril de 2021, após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), a CPI da COVID trabalha para apurar possíveis falhas e omissões na atuação do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. O repasse de recursos a estados e municípios também foi incluído na CPI e está na mira dos parlamentares.
O presidente do colegiado é Omar Aziz (PSD-AM). O alagoano Renan Calheiros (MDB) é o relator. O prazo inicial de trabalho são 90 dias, podendo esse período ser prorrogado por mais 90 dias.
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O Estado de Minas
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