IBOVESPA 107.398,97 −6.278,28 (5,52%)

Poder

Objetos de Isac Tembé são doados à PMB e vão compor o acervo do MAB

Isac Tembé era estudante da Universidade Federal do Pará e foi morto por funcionários de fazendas da região, quando estava caçando juntamente com outros indígenas

Cocar, arco, flecha e outros objetos de Isac Tembé foram doados para o acervo do MABNa data em que se comemora o Dia de Luta dos Povos Indígenas, 19 de abril, a Prefeitura Municipal de Belém recebeu os objetos que pertenciam a Isac Tembé, jovem liderança indígena, assassinado em fevereiro deste ano em Capitão Poço, na terra indígena alto Rio Guamá, no nordeste paraense. Os itens foram entregues à gestão municipal para fazer parte do acervo do Museu de Arte de Belém (MAB), em cerimônia realizada no prédio do Solar da Beira, no complexo do Ver-o-Peso.  

“Ter esses símbolos da resistência no Museu de Arte de Belém é transformar o museu em museu vivo. Esses instrumentos são arte e ao mesmo tempo, instrumentos pedagógicos para que cada cidadão, que visite o museu, conheça a história do Isac, a história de resistência do povo tembé-tenetehara, dos povos indígenas como um todo, para que o futuro seja de respeito às diversidades étnicas e de combate às desigualdades”, afirmou o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, ao receber os objetos. 

Em uma cerimônia solene, foi entregue ao prefeito o cocar, as braçadeiras, os maracás, o arco e flecha do indígena, além da camisa do grupo Kamarar Wà, do qual ele fazia parte da coordenação.

Memória e agradecimento

Tazahu Tembé, irmão da vítima, explicou que o gesto é uma forma de agradecimento. “Desde a morte do Isac, a Prefeitura de Belém está apoiando a gente, por isso nós tomamos a decisão de doar o material que era dele para ficar guardado em memória dele para sempre”, declarou. 

Para a representante da Coordenadoria Antirracista do município, a iniciativa é uma forma de lutar por justiça. “A nossa principal pauta hoje é a questão do direito dos povos indígenas e buscar por justiça pelo ocorrido com o parente Isac, porque ele foi um, mas a gente não sabe quem vai ser o próximo”, enfatizou Jomara Tembé, coordenadora adjunta do órgão.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, deputado Carlos Bordalo (PT), participou da cerimônia e afirmou, que a data é um dia de luta para que se continue na batalha pela preservação da memória e da história dos territórios indígenas no Pará e no Brasil.

A entrega dos objetos de Isac Tembé à Prefeitura de Belém também representa “a necessidade que a gente coloque para dentro do museu os povos originários como povos que lutam pela sua cidadania, já que mais do que adereço, os objetos têm uma característica de luta pela cidadania”, definiu o presidente Fundação Cultural do Município de Belém, Michel Pinho. 

“É uma data que precisa ser lembrada para a gente também destacar a força dessa ancestralidade, a força da cultura indígena, mas também para a gente dar uma luz de visibilidade a essas populações que têm sido dizimadas, que têm sido exterminadas, como aconteceu com o Isac Tembé”, destacou o titular da Secretaria Extraordinária de Cidadania e Direitos Humanos, Max Costa. 

Também participaram da cerimônia, as titulares da Coordenadoria Antirracista, Elza Rodrigues; da Coordenadoria da Diversidade Sexual, Jane Patrícia e da Coordenadoria da Mulher, Lívia Noronha, a vereadora Bia Caminha.

__________

Agência Belém