O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) listou hoje, em uma postagem no Twitter, 14 itens para a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid investigar em relação à postura do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus. Ele ainda questionou o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido): 'do que tem medo?'
O posicionamento do líder da oposição no Senado ocorre horas depois de o senador Jorge Kajuru
(Cidadania-GO) divulgar um novo trecho da conversa com Bolsonaro. Nele, o presidente ataca Randolfe,
dizendo que poderia "sair na porrada" com o senador.
Antes de listar os itens a serem investigados, Randolfe questionou: 'do que Bolsonaro tem medo?'. Na
sequência, ele disse que a CPI da covid quer apurar, entre outras coisas, as seguintes questões, assim
descritas por ele:
1. O atraso na compra de vacinas da Pfizer.
2. Falha grosseira na aquisição de seringas, insumos, equipamentos e na estruturação do Sistema de
Saúde.
3. Gasto exacerbado com medicamentos sem eficácia comprovada.
4. Aglomerações causadas pelo presidente e sua comitiva em todo o país.
5. Em meio à pandemia, superfatura nas compras do Governo.
6. Omissão diante das mortes por falta de oxigênio em Manaus.
7. Negligência diante da escassez do kit intubação.
8. Incompetência na distribuição de vacinas, especialmente em relação à logística.
9. Negacionismo, discurso de sabotagem às medidas de isolamento.
10. O não uso e o incentivo ao não uso de máscaras.
11. Tentativa de maquiar número de mortes por COVID.
12. Falta de transparência na divulgação de casos
13. Ataques aos poderes.
14. Desgaste das relações internacionais que nos garantiriam melhor negociação de vacinas
Por fim, Randolfe Rodrigues faz uma nova pergunta: "Será que Bolsonaro tem medo da resposta de algum desses questionamentos? O povo está morrendo, e não temos tempo pra brincar de poder público.
Precisamos salvar vidas, vacinar, colocar comida na mesa e estancar imediatamente essa crise!"
Randolfe Rodrigues foi o autor da proposta de CPI da Covid-19, que contou com o mínimo de assinaturas
necessárias para a instalação da comissão pelo Senado. Porém, como não havia a previsão da abertura, o STF (Supremo Tribunal Federal) atendeu a um pedido de Jorge Kajuru e do senador Alessandro Vieira
(Cidadania-SE) e determinou que o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalasse a CPI.
Antes de a decisão ser debatido pelo Plenário nesta semana, o governo federal se movimenta para incluir
na comissão investigações sobre as condutas de governadores e prefeitos na pandemia
Durante o diálogo divulgado por Kajuru, Bolsonaro diz a CPI da Covid deveria ser ampla, investigando
também governadores e prefeitos, e não apenas os atos do governo federal. Em resposta, o senador por
Goiás afirma que ela será ampla e, caso não seja, ele pede para sair. Nesse momento, Bolsonaro ataca o
senador Randolfe.
"Aí a canalhada do Randolfe Rodrigues vai participar e vai começar a encher o saco. Dai vou ter que sair na porrada com um bosta desse", afirmou Bolsonaro.
Kajuru afirmou à Rádio Bandeirantes que preferiu não divulgar esse trecho para preservar tanto o
presidente da República, quanto o colega senador. Mas, segundo ele, a fala de Bolsonaro hoje pela manhã a apoiadores dizendo que tinha "mais coisa" na conversa e que poderia ser divulgada, o fez apresentar todo o diálogo.
"Era desnecessário, para que, de graça? Tem inimizade entre eles. O Randolfe é líder da
oposição. Eu entendi que o melhor para os dois era essa parte não ser colocado. Mas ele
[Bolsonaro] quis que colocasse o restante. Então eu coloquei. Pronto, acabou", disse Kajuru.
O senador afirmou que disse ao presidente Bolsonaro ontem, às 12h40, que iria divulgar o áudio da
conversa.
Logo após a divulgação do áudio, o senador Randolfe repudiou a fala de Bolsonaro. "A violência costuma
ser uma saída para os covardes que têm muito a esconder", disse em seu perfil no Twitter.
"Não irão nos intimidar! Especialmente porque sabemos que a fraqueza desse governo está em todos os
âmbitos. Nossa única briga será pelo povo! Pela vacina e por comida na mesa!", completou.
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UOL
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