Bia Caminha é a vereadora mais jovem da história da Câmara de BelémO que antes era visto como um espaço em que mulheres não poderiam ocupar, hoje tem se mostrado o contrário. Nesta legislatura, a bancada feminina da Câmara Municipal de Belém (CMB) conta com seis mulheres em sua composição.
O número de candidaturas femininas aumentou em todo Brasil e bateu recorde em 2020. O estabelecimento de cotas à candidatura significa que o Estado brasileiro reconhece que existe desigualdades de gêneros no âmbito político, e que medidas políticas inclusivas são necessárias para a promoção do acesso das mulheres aos espaços decisórios de poder.
Em Belém, embora o número de vereadoras tenha crescido, ainda é bastante desigual a quantidade de mulheres em relação número de homens: são apenas 6 mulheres para um total de 35 parlamentares.
Entre essas mulheres, a eleição de Bia Caminha parece indicar uma tendência de renovação na Câmara de Belém. Bia Caminha, do PT, é a vereadora mais jovem eleita para a Câmara. Aos 21 anos, ela obteve 4.874 votos e define a campanha nas eleições 2020 como "um processo coletivo de juventude, de romper silêncios".
Estudante de arquitetura e urbanismo, vice-presidente do PT, ex-coordenadora geral do CA de Arquitetura e do DCE da Ufpa, bissexual e feminista, Bia afirma que é central pensar a cidade, o saneamento básico, a moradia e que as políticas públicas tenham como ponto de partida as desigualdades, principalmente as de gênero e de raça.
"A gente tem que trabalhar sempre com esse olhar interseccional, olhando gênero, raça, classe, sexualidade", anuncia.
Sobre o resultado das urnas, Bia afirmou que foi uma sensação "de que muita coisa boa vem pela frente, de muita esperança", e diz que construiu a campanha com jovens, jovens negros, jovens da periferia, mulheres, pessoas LGBTQIA+. "A campanha foi feita com a garra de quem queria mudar e por quem sentia na própria pele porque a gente precisava de mudança, então (o resultado) é muito positivo".
Ela disse que a expectativa é poder trabalhar ao lado de outras mulheres negras que foram eleitas em Belém. "Que a gente consiga defender nossas bandeiras prioritárias, que são os direitos de existir e o direito à cidade. A gente vem aí para a revisão do plano diretor que é central na nossa cidade, porque define muito da vida das pessoas, e com certeza nossa presença, qualificada, tem muito interesse em defender a cidade".
Bia Caminha é uma das seis mulheres eleitas para ocupar os 35 cargos na Câmara Municipal de Belém. Em relação à representação feminina na política, ela aponta duas importâncias.
"Uma importância é de a gente se enxergar na política e nos espaços institucionais, saber que nós, mulheres, podemos sim ocupar muitos desses espaços. A outra é ter mulheres pensando as políticas públicas pensando a partir das mulheres, em todos os âmbitos".
A vereadora eleita citou a professora e filósofa socialista estadunidense, Angela Davis, dizendo que "quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".
"Todas as estruturas de opressão têm como base as mulheres negras, então isso já é um primeiro passo para a gente conseguir empoderar as meninas negras, conseguir se ver nos espaços de representação, e também pensar cada política a partir das mulheres negras. Isso é fundamental!"
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Com G1 e Discas do Jornalismo
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