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"Lava jato" em Curitiba queria prender Gilmar e Toffoli, diz hacker à CNN

"Eles tentaram de tudo para conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli", afirma Walter Delgatti Neto

O hacker Walter Delgatti Neto, responsável por acessar mensagens trocadas entre procuradores procuradores da República do Paraná e o ex-juiz Sergio Moro, afirmou que um dos objetivos da "lava jato" em Curitiba era prender os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal. A declaração foi feita neste domingo (20/12), em entrevista transmitida pela CNN Brasil, cujo conteúdo a ConJur tinha antecipado.

Delgatti foi questionado sobre se achava que a "lava jato" queria prender integrantes da Suprema Corte. "Eles queriam. Eu não acho, eles queriam. Inclusive Gilmar Mendes e Dias Toffoli. Eles tentaram de tudo para conseguir chegar ao Gilmar Mendes e ao Toffoli, eles tentaram falar que o Toffoli tentou reformar o apartamento e queriam que a OAS delatasse o Toffoli", respondeu. 

Ainda segundo ele, os procuradores "quebraram o sigilo de Gilmar Mendes na Suíça, do cartão de crédito, da conta bancária dele, eles odiavam o Gilmar Mendes, falavam mal do Gilmar Mendes o tempo todo". 

Reportagem publicada pelo jornal El País, em parceria com o The Intercept Brasil, já havia contado que os procuradores planejaram buscar na Suíça provas contra Gilmar. Segundo a notícia, os membros do MPF pretendiam usar o caso de Paulo Preto, operador do PSDB preso em um desdobramento da "lava jato", para reunir munição contra o ministro.

Em nenhum momento eles mencionam o fato de procuradores da República que oficiam em primeiro grau não poderem investigar — ou sequer mencionar em acusações — ministros do Supremo.

Além de mencionar Gilmar e Toffoli, o hacker fez declarações a respeito de Luís Roberto Barroso. Segundo Delgatti, Barroso e o procurador Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa da "lava jato" em Curitiba, eram bastante próximos. O ministro do STF teria chegado a auxiliar Dallagnol em casos. 

"O Barroso e o Deltan conversavam bastante. Inclusive, o Barroso, em conversas, auxiliava o que colocar na peça, o que falar. Um juiz auxiliando, também, o que deveria fazer um procurador", afirmou.

Em resposta à CNN o ministro negou categoricamente as acusações e ressaltou que não julga processos da lava jato, que estão sob responsabilidade da 2ª Turma do STF. 

Delgatti cita também Alexandre de Moraes, mas só para dizer que nunca conseguiu descobrir nada nos celulares do ministro. "Ele apagava tudo. Tive acesso também ao e-mail dele. Eu apenas baixei o livro pra ler. Tinha conversas em e-mail, mas era entre eles [ministros do STF]. Era conversa de processo, que não tinha interesse. Era conversa formal". 

Em junho de 2019, o site The Intercept Brasil começou a publicar conversas entre procuradores do MPF em Curitiba e Moro. As mensagens mostraram que Moro chegou a orientar a atuação de procuradores em processos. 

"Acabei me decepcionando"

A CNN e Delgatti negociaram a entrevista por cerca de um ano até que ela acontecesse. Na conversa, o hacker afirmou que começou invadindo equipamentos de autoridades da família Bolsonaro. 

Em seguida, tentou entrar no celular de Alexandre. Como não conseguiu nada, partiu para Dallagnol ao ver o procurador falando sobre o pacote das dez medidas contra a corrupção. 

"A 'lava jato' era o último lugar que eu esperava encontrar irregularidades. Ele [Dallagnol] apresentou aquele pacote das dez medidas anticorrupção. Quando vi o nome dele, queria ter acesso à conta dele e ver quem estava cometendo crimes. Mas quando eu tive acesso, acabei me decepcionando. Porque vi que o crime estava acontecendo entre eles [procuradores]", contou. 

A partir daí ele buscou jornalistas para que fossem divulgadas as conversas. Disse que nenhum profissional da imprensa o respondeu. Foi então atrás da ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), que teria se interessado pelo material e feito a ponte entre Delgatti e o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept. 

Por fim, o hacker disse que foi pressionado para delatar ao ser preso em 2019 no curso da operação spoofing. "Fui pressionado o tempo todo. Desde o primeiro dia. O delegado falava: 'Olha, faça uma delação, conte a verdade, vamos esclarecer isso que eu te solto.' Eles davam a entender que a delação, caso eu fizesse, só seria homologada se eu falasse do Glenn. Todas as vezes, eles queriam que eu falasse do Glenn", concluiu. 

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Consultor Jurídico