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Opinião

IdealPolitik - As escolhas binárias de Brasília

Por: Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik

-- Brasília vive muitas dualidades no momento. Além de seus 60 anos como capital do poder e do despertar, algumas bifurcações são:

-- Os militares sustentarão o governo Jair Bolsonaro apesar do derretimento nas pesquisas, combinado com crescimento das chances do Brasil se tornar, ao mesmo tempo, um epicentro nacional de contágio e morte por Covid-19 e um desastre no Produto Interno Bruto e saúde fiscal?

-- O Centrão vai embarcar no governo, sustentando-o a ferro e fogo nos termos ditos acima, ou apressarão a interdição, afastamento ou deposição do presidente (sem prejuízo de gozar dos benefícios eleitorais dos cargos e recursos que já começou a acessar)?

-- O Supremo Tribunal Federal dará uma definitiva demonstração de força a Bolsonaro, desmobilzando valiosos apoiadores que seguem com o chefe do Executivo porque este ainda não fora punido por suas posturas, passando a impressão de que não faz nada tão grave assim, ou esfriará a tensão se os militares falarem grosso?

-- O ministro da Economia, Paulo Guedes, decide ficar na gestão, apesar de ser conduzido pelos militares, ou está perto a hora de abandonar o navio?

-- Os governadores, sobretudo, bancarão as medidas que acham necessárias, conforme recomendações sanitárias predominantes, devidamente empoderados pelo STF e com resgate financeiro para preservar autonomia em relação ao Planalto, ou cederão à pressão empresarial e do presidente?

-- Se tentarem interditar Bolsonaro e perderem? E se ele tentar um golpe e perder?

-- Tudo isso depende de um fator decisivo: os 67,3% que defendem o distanciamento social e os 55,4% que desaprovam o desempenho pessoal do presidente Jair Bolsonaro, segundo a recente pesquisa CNT, convergirão no apoio à saída ou bloqueio de Bolsonaro, ou sustentarão os 30%, em média, que formam a fortaleza institucional e eleitoral do governismo?

-- Nos salões virtuais do Plenário remoto do Congresso, há quem diga que os 30% de Bolsonaro terão que ser os novos 10% de Dilma Rousseff. O "Bolsonarogate" potencial, do vídeo da reunião ministerial do Executivo do dia 22 de abril, que Sergio Moro alega conter provas de que Bolsonao tentou interferir politicamente na Polícia Federal, dará pistas.

-- Em tempo: O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, decidiu adiar para a próxima semana a votação da Medida Provisória 910/19. Ele afirmou que a MP está contaminada por radicalismos e pode desgastar a relação harmoniosa entre os líderes. Contra a proposta, houve tuitaço que fez a hashtag #MP910Não chegar aos trending topics do Twitter, vários artistas e personalidades se posicionaram contra, mas o que teria realmemnte pesado foi a nota técnica da Coalizão Ciência e Sociedade, formada por 74 medalhões da ciência atuantes no Brasil, como a paraense Ima Vieira, ex-diretora do Museu Emílio Goeldi. O documento chegou às mãos de Maia, que já tinha debelado, antes da pandemia, outra MP, mas que liberava a exploração econômica privada em terras indígenas.

Time is politics.

*Leopoldo Vieira, paraense radicado em Brasília, 36 anos, é jornalista, analista político, especialista em Administração Pública e chefe-executivo da IdealPolitik, agência de análise e assessoria - www.idealpolitik.com.br