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Poder

Ministros que não cederem cargos ao centrão serão demitidos, avisa Bolsonaro

Bolsonaro abriu um balcão de negócios no Planalto e oferece controle de R$ 65,8 bilhões do orçamento a partidos do Centrão em troca de base aliada para combater Rodrigo Maia no Congresso

Jair Bolsonaro enquadrou ministros após demissão de Sérgio Moro e avisou que aqueles que resistirem a entregar cargos aos partidos do chamado Centrão serão demitidos do governo.

Bolsonaro abriu um balcão de negócios no Planalto para trocar cargos com parlamentares de partidos do centrão – especialmente PP, PL, Republicanos, PTB e PSD – com o objetivo de formar uma base aliada no congresso e abrir uma frente de batalha contra o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

De acordo com reportagem de Ranier Bragon e Julia Chaib, na edição deste sábado (2) da Folha de S.Paulo, Bolsonaro estaria sendo pressionado pelos parlamentares em razão da demora em entregar os cargos.

A pressão foi repassada aos ministros, para que disponibilizem as vagas no segundo e terceiro escalão das suas pastas para começarem a ser preenchidas na próxima semana.

R$ 65 bilhões

A banca de negociações armada no Palácio do Planalto por Jair Bolsonaro para montar uma bancada pró-governo no Congresso negocia cargos que controlará cerca de R$ 65,8 bilhões do orçamento em 2020, segundo levantamento realizado por André Shalders, da BBC Brasil.

Desse total, R$ 10,6 bilhões podem ser remanejados para serem usados conforme o desejo dos políticos do centrão, principalmente do PP, PL, Republicanos e PSD, que juntos somam 146 deputados na Câmara. A reboque, Bolsonaro tenta cooptar ainda parlamentares do PTB, PSC, Pros, Solidariedade, PEN, PTN e PHS, que fazem parte do grupo.

Segundo a reportagem, o montante refere-se aos orçamentos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (Dnocs ), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e do Banco do Nordeste.

O Banco do Nordeste ainda é responsável pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), que soma recursos extras de R$ 29,3 bilhões para serem usados por governos da região, onde Bolsonaro tem a maior rejeição.

Os partidos do centrão também negociam a indicação de secretarias no Ministério da Saúde — especialmente as de Vigilância em Saúde (SVS) e a de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos (SCTIE). Num momento de pandemia do novo coronavírus, a importância destes cargos transcende o orçamento do Ministério da Saúde, que é de R$ 148,2 bilhões em 2020.

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