O ex-jogador argentino Diego Maradona, maior ídolo da história do futebol do país sul-americano, morreu nesta quarta-feira (25/11) aos 60 anos, após sofrer uma parada cardiorrespiratória em sua casa na cidade de Tigre, ao norte de Buenos Aires.
A morte foi primeiramente noticiada pelo jornal argentino Clarín, e depois confirmada pelo advogado e amigo de Maradona, Matías Morla.
O "Pibe de ouro", como era conhecido em seu país de origem, passou por uma delicada cirurgia na cabeça no início do mês, devido a um hematoma subdural, tendo ficado hospitalizado por dez dias.
Maradona, que tem um longo histórico de problemas de saúde, foi internado no último dia 2 de novembro, em La Plata, com um quadro de anemia, desidratação e desânimo. Passou então por exames, que diagnosticaram o problema no lado esquerdo da cabeça.
Ele foi transferido para a capital argentina no dia seguinte e submetido a um procedimento cirúrgico, que foi considerado um sucesso pelos médicos.
O argentino, que havia completado 60 anos em 30 de outubro, recebeu alta no último dia 12. Desde então, estava isolado em casa, sob acompanhamento de médicos e pessoas próximas.
Um dia antes da saída do hospital, o advogado Morla admitiu, em entrevista coletiva, que o amigo havia passado por um drama devido ao estado de saúde, mas que havia superado as dificuldades e estava fora de perigo.
"Passou, talvez, pelo momento mais difícil da vida. Eu acho que foi um milagre que tenha se detectado esse derrame na cabeça, que poderia ter tirado a vida dele", admitiu.
Morla, inclusive, chegou a destacar a importância do acompanhamento de um psiquiatra durante a internação e indicou que ele precisaria seguir em observação, mesmo após deixar o hospital.
"O que falta agora é a união da família, e ele estar cercado por profissionais de saúde. Com os médicos e da família, Diego vai estar feliz como precisa estar. Diego precisa estar feliz, e temos que devolver a ele todo o caminho e felicidade que nos deu", disse na ocasião.
Ao longo dos últimos 20 anos, Maradona foi hospitalizado ao menos três vezes por problemas graves de saúde relacionados a sua dependência de drogas e álcool.
Por ocasião da morte de Maradona, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, decretou três dias de luto oficial no país. Pouco tempo depois, o governante manifestou gratidão no Twitter pela "felicidade" que a estrela do futebol proporcionou aos argentinos.
"Você nos levou para o topo do mundo. Você nos fez imensamente felizes. Você foi o maior de todos. Obrigado por ter existido, Diego. Vamos sentir sua falta a vida toda", escreveu Fernández, que também publicou uma foto na qual ele aparece abraçando Maradona.
Cristina Kirchner, ex-presidente argentina e atual vice, manifestou tristeza pela morte do ex-craque. "Muita tristeza... Muito triste. Um dos grandes se foi. Adeus Diego, te amamos muito. Eu abraço enormemente sua família e seus entes queridos", escreveu no Twitter.
Pelé também se pronunciou sobre a morte nesta quarta-feira. "Notícia triste, perder amigos dessa maneira. Que Deus dê bastante força para a família. Com certeza um dia vamos bater uma bola juntos lá no céu."
Em comunicado, a Associação do Futebol Argentino expressou "sua mais profunda tristeza pela morte de nossa lenda, Diego Armando Maradona". "Você sempre estará em nossos corações", acrescentou a entidade máxima do futebol na Argentina.
Quarto filho entre oito irmãos, Maradona nasceu em 30 de outubro de 1960 em Lanús, na província de Buenos Aires. Cresceu em Villa Fiorito, um bairro pobre na periferia de Buenos Aires, e sempre fez questão de dizer que "jamais negaria sua origem".
No futebol, foi amplamente considerado um dos maiores jogadores de todos os tempos, principalmente por sua habilidade com a bola nos pés.
O craque foi revelado com apenas 15 anos pelo clube Argentinos Juniors, no qual atuou entre 1976 e 1981, período em que jogou 166 partidas e marcou 116 gols. Em 1982, foi transferido para o Boca Juniors, pelo qual jogou apenas uma temporada.
Entre 1982 e 1984, atuou no Barcelona, da Espanha, e de lá foi para o Napoli, da Itália, tendo se consagrado um mito no país europeu. "Para sempre. Ciao, Diego", escreveu o clube italiano no Twitter nesta quarta-feira. Sua passagem rendeu ao Napoli dois Campeonatos Italianos, em 1987 e 1990.
Após deixar a Itália, Maradona ainda jogou no Sevilla, da Espanha, e retornou à Argentina para defender o Newell's Old Boys.
Pela seleção argentina, foi ao campo 91 vezes, marcando 34 gols. Jogou as Copas do Mundo de 1982, 1986, 1990 e 1994, tendo sido campeão do Mundial de 1986, no México.
Foi nesse torneio que Maradona marcou alguns de seus gols mais marcantes da carreira – sejam positiva ou negativamente, como um gol de mão contra a Inglaterra que ficou mundialmente conhecido como "mão de Deus".
Um outro gol, em que o jogador driblou metade do time inglês, foi escolhido em 2002 pela Fifa como o gol mais bonito da história dos Mundiais.
Em sua partida de despedida em 10 de novembro de 2001, pela seleção argentina contra um time de astros internacionais, Maradona afirmou: "O futebol é o esporte mais bonito e saudável do mundo. O futebol não deveria pagar pelos meus erros. Não é culpa da bola."
Após se aposentar dos gramados, Maradona apostou na carreira de técnico, mas teve pouco sucesso. Chegou a comandar a seleção argentina entre 2008 e 2010 e, desde o ano passado, vinha atuando como treinador do modesto Gimnasia y Esgrima La Plata, em seu país natal.
Craque nos campos, o ídolo argentino também teve uma vida envolta de controvérsias e questões de saúde, incluindo obesidade e sua dependência de álcool e drogas, que lhe renderam internações e algumas suspensões no futebol.
Na Copa do Mundo de 1994 nos Estados Unidos, por exemplo, Maradona foi expulso do campeonato após seu exame antidoping dar positivo.
Também em 1994, ele usou um rifle de ar comprimido para disparar contra jornalistas e fotógrafos que estavam em frente a sua casa, tendo sido condenado a pagar uma indenização ao grupo atacado, além de dois anos de prisão condicional, não precisando ir para a cadeia.
Ao longo da vida, Maradona, que tinha uma imagem de Che Guevara tatuada em seu corpo, ainda se aproximou de líderes latino-americanos de esquerda, como Fidel Castro e Hugo Chávez.
O craque foi casado com sua namorada de juventude Claudia Villafañe entre 1989 e 2004, com quem teve duas filhas, Dalma e Giannina. Ele ainda deixa o filho Diego, fruto de uma relação extraconjugal e reconhecido apenas em 2016.
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EK/efe/dpa/afp/dw/ots
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