O presidente estadunidense, Donald Trump, e o ex-vice Joe Biden concorrem à Presidência dos EUAProtestos republicanos na democrata Califórnia e lojistas se preparando para conflitos e atos de vandalismo; especialistas alertando para a ameaça à democracia americana representada por Donald Trump e seus apoiadores. Tudo nesta corrida presidencial parece diferente.
"Mais quatro anos, mais quatro anos!", entoava repetidamente, no sábado (31), uma mulher ao atravessar a rua para chegar ao letreiro que é o marco da cidade de Beverly Hills, no condado de Los Angeles, na Califórnia.
Coberto por um pano branco, o marco de uma das cidades mais ricas do país estava cercado por republicanos convictos e democratas descontentes.
A polícia não divulgou ainda quantas pessoas participaram da manifestação de sábado, mas na semana anterior, as autoridades dizem que três mil cidadãos estiveram por ali para mostrar seu apoio ao atual candidato à reeleição, o republicano Donald Trump.
Para evitar confrontos e atos de vandalismo, a polícia havia fechado parte dos acessos ao local e declarou o evento ilegal por volta das 15 horas. Mas já era tarde: o jovem Edward Badalian, que atualmente está desempregado, entrou em confronto físico com um grupo de rapazes que, segundo ele, fazem parte do "movimento Antifa, ligado à esquerda americana".
"Eu estava conversando, com ironia, sobre as falhas do socialismo e explicando porquê esse sistema não funciona, e então eles vieram para cima de mim. Tentaram arrancar a minha bandeira americana e eu não deixei", explica, com o rosto coberto pelas marcas da agressão.
Já a canadense naturalizada americana Lisa Gel disse que em nenhum momento se sentiu ameaçada. Junto a uma amiga, ela contou à reportagem do Brasil de Fato que fez questão de participar da manifestação.
Por trás da máscara cor-de-rosa com o nome Trump estampado, a empresária explica que foi democrata a vida inteira – até a última eleição. "Eu não acreditava mais no que os democratas estavam 'vendendo" e, mesmo insegura quanto a Trump, votei nele. Não me arrependo e estou ansiosa para, mais uma vez, apoiar o presidente", relatou Lisa.
O clima de "já ganhamos" do protesto a favor do republicano, que foi, durante a maior parte do tempo, pacífico e se estendeu até a chegada da noite, não é sentido em nenhuma outra parte do estado mais populoso e rico dos Estados Unidos. Pelo contrário, a Califórnia vota repetidamente em candidatos democratas desde 1992 e é a casa do terceiro maior contingente eleitoral do partido do país. Não surpreende, portanto, que Biden desfile uma margem de quase 30 pontos de vantagem sobre Trump nas pesquisas de intenção de voto.
Apesar da "folga" nas pesquisas, os comerciantes preferem não arriscar. Temendo conflitos sociais, diversas lojas tiveram suas entradas, portas e vitrines cobertas por tapumes e placas de madeira. Essa precaução é para evitar que cenas de vandalismo, como as vistas em protestos contra a morte de George Floyd, um homem negro asfixiado por um policial branco, em maio, em Minneapolis, se repitam.
"Estou surpreso que essas estruturas sejam colocadas para as eleições, nunca vi isso antes. Acho que estamos todos ansiosos e polarizados. Os dois lados não se conversam", relatou o arquiteto de produtos digitais Rick Callahan. "Essa eleição é realmente única, e a nossa democracia está em jogo com Trump no poder", completa.
A cientista política e professora da Universidade de Nebraska, Elizabeth Theiss-Morse, concorda. "Eu estou bastante preocupada com a democracia americana. Tive acesso a dados e pesquisas e vi que as pessoas, sobretudo os jovens, estão muito mais aptos a aceitar um líder forte em vez de contar com representantes eleitos. Essa é uma prospecção assustadora", contou à reportagem.
Quase 240 milhões de americanos estão aptos a buscar o registro para exercer seu direito ao voto. Destes, cerca de 95 milhões já votaram antecipadamente, segundo contagem do The New York Times. O número é mais que a metade dos eleitores totais da última eleição, em 2016, que atraiu 136,5 milhões de votantes.
Segundo as pesquisas mais recentes, o democrata Joe Biden sustenta uma vantagem de mais de sete pontos sobre o republicano Donald Trump, que tem ameaçado recorrer à Justiça em caso de derrota.
Na noite de domingo (1), o atual chefe da Casa Branca sugeriu que estados, como a Pensilvânia, precisam completar a contagem de votos no dia da eleição, 3 de novembro.
A Pensilvânia é um dos chamados estados-pêndulos, que ora votam em republicanos, ora votam em democratas, e definem o curso das eleições. "Nós vamos tomar providências legais para que isso aconteça", teria dito Trump a jornalistas, insistindo para que o vencedor seja declarado no mesmo dia da eleição, o que é impossível.
Por conta da pandemia, todos os estados americanos passaram a aceitar votos enviados por correio e a desenhar uma estrutura eleitoral com calendário próprio, aceitando, em alguns casos, contabilizar as cédulas que sejam entregues depois do prazo, contanto que o carimbo dos correios confirme o envio dentro do prazo legal. No caso da Califórnia, por exemplo, todas as urnas de voto à distância serão recolhidas às 20 horas da terça-feira, 3 de novembro.
Em resposta Trump, Biden, afirmou no domingo (1) que o republicano "não irá roubar a eleição". A declaração foi dada à imprensa quando o candidato democrata saía de um evento de campanha na Filadélfia.
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Brasil de Fato
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