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Poder

Delegados da PF a Bolsonaro: “Há uma crise de confiança instalada”

“há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal”

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou neste domingo uma carta aberta ao presidente da República Jair Bolsonaro onde explicou os limites da relação entre o poder Executivo e a PF. Afirmou ainda que “há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal”.

De acordo com o documento, a PF não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas após a saída do ex-juiz Sergio Moro do Ministério da Justiça, que acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente na nomeação do próximo diretor da instituição.

“O contexto criado pela exoneração do comando da PF e pelo pedido de demissão do Ministro Sergio Moro imporá ao próximo diretor um desafio enorme: demonstrar que não foi nomeado para cumprir missão política dentro do órgão”, declarou a ADPF, deixando claro que o novo diretor geral corre o risco de “enfrentar uma instabilidade constante em sua gestão”. “O último comandante da PF que assumiu o órgão em contexto semelhante teve um período de gestão muito curto", afirmou a ADPF.

Os delegados esclareceram que, "embora seja absolutamente verdadeira" a premissa de que cabe ao presidente nomear o diretor geral da Polícia Federal, "trata-se de um pilar do Estado Democrático de Direito que o estadista se limite a escolher o comandante da instituição, sempre buscando o delegado mais preparado técnica, moral e psicologicamente para a função". Após a nomeação, no entanto, cabe ao mandatário manter "uma distância republicana", para não interferir politicamente no órgão.

Para concluir, pedem ao presidente que firme um compromisso público de que o novo diretor geral da Polícia Federal terá total autonomia para formar sua equipe e conduzir a instituição de forma técnica; envie "urgentemente" um projeto para o Congresso Nacional, prevendo que o mandato do diretor geral será feito mediante lista previamente apresentada pelos delegados ao presidente; e ainda envie projeto de emenda constitucional ao Congresso prevendo "autonomias para a PF".

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El País