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Opinião

IdealPolitik - É o fim de Bolsonaro?

Por: Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik

-- O ícone da Lava Jato e personalidade política mais aprovada do Brasil, agora ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, adicionou mais crimes de responsabilidades passíveis de depor ou interditar o presidente Jair Bolsonaro. Procuradores da República listam pelo menos sete. Mas a saída mais provável é que o Supremo Tribunal Federal reduza poderes presidenciais, como nomear/demitir ministros e sancionar leis, ao vice Hamílton Mourão. Nesta composição, cabe aliança com o Centrão e emendas fluindo pelo Orçamento de Guerra. Bolsonaro aceitaria? Neste momento, ele está sendo disputado por diversas alternativas, mas deve prevalecer a que ele confia: a sugerida pelo olavismo e pelos filhos, que estão em risco iminente.

-- A saída do ex-juiz libertou o grupo Globo, que poderá tanto projetá-lo como presidenciável em 2022, quanto em reserva moral nacional, para se engajar no fim do governo. Dentre as teorias extraordinárias sobre o que ocorre nos bastidores, temos uma: antecipado pela inteligência e burocracia estatal sobre o desfecho econômico e sanitário do coronavírus, Bolsonaro optou por forçar o próprio afastamento, para ser lembrado pela luta contra isso, em vez de pelas responsabildades sobre mortes e o destino de negócios e empregos.

-- As próximas pesquisas devem mostrar desidratação relevante do bolsonarismo, que, sem o lavajatismo, que vai com Moro, perde a bandeira antissistema pelo sentimento contra corrupção. Mesmo que Bolsonaro possa ter acumulado algum apoio acusando a China pelo coronavírus, os governadores pela ameaça de recessão, os parlamentares de tramarem sua derrubada, etc, estudo do instituto Paraná Pesquisas detectou que, mesmo entre informais e autônomos, beneficiários do coronavoucher, a maioria é contra flexibilizar o isolamento; e a parcela majoritária da opinião pública prefere este até sob recessão.

-- Sai fortalecido o bloco "Muda, Senado", liderado pelo senador do "centro alternativo", também paranaense e entusiasta da candidatura presidencial de Moro, Álvaro Dias. O partido dele, o Podemos, que, no Pará, tem em seus quadros a secretária estadual de Cultura, Úrsula Vidal, é a segunda maior bancada do Senado Federal.

-- O próximo a desembarcar do governo pode ser o ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi subjugado por uma agenda desenvolvimentista dos militares. Por meio do chefe da Casa Civil, general Braga Netto, tomaram a coordenação da gestão governamental, como a do grupo interministerial para medidas de retomada da economia. Perto da chance que sempre sonharam de mostrar competência técnica aos civis, mais do que nunca, devem ser cobrados e responsabilizado pelos resutados do governo, principalmente os ônus e bônus da crise sanitária e econômica.

-- Os militares são a vanguarda gerencial e retaguarda política que resta ao governo. Para apoiadores do presidente Bolsonaro que assistiram a ruptura de Moro, nesta sexta, ele está equipando o governo com oficiais em estratégia para amedrontar o Parlamento e o STF, ou já até se preparando para uma intervenção militar. Apostam que algo novo vai surgir.

-- O mercado financeiro não se animou com o plano Pós-Brasil, é "gato escaldado" com esses velhos novos projetos desenvolvimentistas. Sempre de "longo prazo", que vão largando elefantes brancos pela via pública e indicadores oitentistas nas finanças públicas e na economia popular. É dependente da atratividade de parcerias público-privadas, em meio a uma recessão brava, com estímulos diretamente estatais na ordem de R$30 bilhões, em meio a um déficit previsto, por ora, de R$ 600 bi.

*Leopoldo Vieira, paraense radicado em Brasília, 36 anos, é jornalista, analista político, especialista em Administração Pública e chefe-executivo da IdealPolitik, agência de análise e assessoria.