Neste domingo (27) celebra-se o Dia Mundial do Turismo. Entre os elementos atrativos que atraem os visitantes a cidades paraenses está a rica gastronomia com preparos únicos e inconfundíveis que despertam a curiosidade. Além da culinária típica, cuja fama ultrapassa as fronteiras, as comidas do cotidiano marcam a memória afetiva de quem escolhe o Pará como destino.
Em 2019, o Estado recebeu mais de um milhão de turistas, de acordo com a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). Foram mais de 120 mil visitantes internacionais e 920 mil nacionais. A receita, em real, gerada pelos turistas que vieram ao Pará no mesmo ano, foi de R$ 720 milhões.
Somente o Círio de Nazaré injetou R$ 120 milhões na economia local atraindo cerca de 83 mil turistas para a festividade. Este ano, em razão da pandemia, a festividade nazarena não ocorrerá da forma tradicional. Ainda assim, o Pará continua como boa escolha turística, entre outros motivos, pela força de sua gastronomia.
André Dias, titular da Setur, afirma que a atividade gastronômica está intrinsicamente conectada com o turismo. “A alimentação fora do lar, realizada por restaurantes, bares, cafeterias e similares, é considerada atividade característica do turismo. Temos observado cada vez mais é que a experiência gastronômica que a pessoa vai ter no destino, determina a escolha pelo lugar a ser visitado”, informou André.
Marco Romero trabalha com turismo receptivo há mais de 20 anos. Para ele é muito clara a diferenciação entre as comidas típicas e as do cotidiano. Maniçoba, tacacá, caruru e pato no tucupi são os carros-chefes. “As pessoas têm uma visão voltada ao pato no tucupi. No Brasil inteiro apenas os paraenses e os catarinenses (com o marreco) possuem o hábito de comer pato. Isso tradicionalmente acaba chegando a outras regiões como informação. As pessoas acham que comemos isso todos os dias, mas é mais focado a eventos e grandes festas como o Círio de Nazaré e a Semana Santa”, pondera o guia turístico.
As comidas típicas são muito procuradas e atraem os visitantes. Porém há também os alimentos populares, que fazem parte do cotidiano amazônico, como os pratos à base de pescado como o filhote, a dourada e a pescada amarela. “O mesmo ocorre com a cultura do açaí que é uma comida do dia a dia. Pode parecer estranho, mas o arroz com galinha não tem em outro canto e nós aqui temos o hábito de comer o arroz com frango desfiado e legumes. Isso não é comum nos outros estados. Outro exemplo é o doce monteiro lopes, que é nosso, os cremes e mousses. O turista percebe que além das comidas típicas temos uma culinária paralela que faz parte do cotidiano. Eles chegam sabendo de uma gastronomia e quando chegam descobrem que existe muito mais do que é projetado para fora”, acrescenta Marco Romero.
É essa descoberta que desperta a sensação gustativa das pessoas, de acordo com o profissional. “As pessoas quando comem lembram. É a memória afetiva que está relacionada com o paladar, o olfato. Quando elas se deparam de ter o conhecimento das comidas, chama atenção e estimulando a experimentar outras opções. Somos um dos poucos estados do Brasil cujos souvenirs estão voltados à gastronomia, como a cachaça com jambu, farinha de Bragança e doces de cupuaçu. Nossos presentes acabam sendo para comer”, afirmou Marco.
Os sabores marcantes levaram a capital paraense a receber o título de cidade criativa da gastronomia concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2015 e mantido até hoje.
Para o professor de gastronomia Walaci Morais, a cozinha paraense é fundamentalmente baseada na cultura indígena. “É a mais genuína, autêntica e pura cozinha brasileira. Continua quase que imutável por utilizar ingredientes que não se adaptam a outros terroir que não sejam os nossos”, afirma.
“Os sabores do Pará são quase que inesgotáveis, pois combinam-se entre si, causando nos comensais uma verdadeira explosão de sabores, odores e cores únicos. Sabores ácidos e florados, como por exemplo, o cupuaçu, bacuri e as amêndoas de cacau para a produção de chocolate de origem, além de insumos únicos como o aviú, que é um minúsculo crustáceo de sabor forte e marcante, o cumaru que é conhecido como a ‘baunilha’ da Amazônia e empresta seu aroma e sabor à diversas preparações da confeitaria e a licores, a pimenta de cheiro, cumari, conferindo aroma e pungência a ensopados, pirões e caldeiradas”, finalizou o professor.
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Agência Pará
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