O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, fez um acordo com as principais plataformas de redes sociaisO presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Luís Roberto Barroso, fez um acordo com as principais plataformas de redes sociais para retirarem do ar perfis falsos e disseminadores de fake news independentemente de ordem judicial. Barroso admite, no entanto, que “é impossível eliminar o risco de fake news” nas eleições.
De máscara dentro de um carro que o conduzia pelas ruas de São Paulo na sexta-feira (25), Barroso deu entrevista remota ao jornal O Globo, detalhando os procedimentos de proteção que estão previstos para evitar contaminação durante a campanha e o dia da votação. Barroso garante ser zero o risco de a urna eletrônica ser foco de contágio. Leia abaixo alguns trechos da entrevista:
– O debate sobre fake news nas campanhas é um tema da eleição. Para o senhor, as plataformas devem controlar o conteúdo das postagens? “Como linha de princípio, não deve haver controle de conteúdo, mas deve haver sim o cuidadoso controle do que se tem chamado de comportamentos coordenados inautênticos. O TSE já formalizou parceria com todas as principais mídias sociais: WhatsApp, Facebook, Instagram, Google para a utilização de ferramentas, algumas especialmente desenvolvidas para detectar esses comportamentos condenáveis na rede, que incluem uso de robôs, o uso de perfis falsos e impulsionamentos ilegais. Há um compromisso das plataformas de, por meios tecnológico, enfrentarem. É impossível eliminar o risco de fake news, mas estamos tratando essa questão com grande empenho e profissionalismo. Temos parceria com as principais agências checadoras de notícias e fizemos uma parceria com as empresas de telefonia para que todos os eleitores por dois meses tenham acesso gratuito via internet à página do TSE para obterem informações confiáveis.”
– Uma vez que a plataforma detectar o comportamento atípico, o que pode ser feito? “Uma vez detectados esses comportamentos inautênticos, você remove a conta.”
– Será necessária determinação judicial? “Não. Você pode até ter remoção de conteúdos por determinação judicial. Mas a parceria que nós fizemos é para a remoção pelas próprias plataformas assim que detectado o problema. Inclusive vamos ter um canal direto com o TSE que qualquer pessoa que esteja recebendo impulsionamento que considere inautêntico, nós automaticamente comunicamos a mídia social e ela retira, se achar que é o caso.”
– Os conteúdos mentirosos devem ser removidos? “A caracterização das fake news pode ser simples em alguns caos e, em outros, pode ser complexo. Por exemplo: se um candidato acusar o outro de ter sido condenado por pedofilia, esse é um fato objetivo. Em outra situação, se um candidato disser que o outro tem o apoio da milícia e o outro responder que o outro candidato tem o apoio de gente ligado à corrupção, esse vai ser um debate público e provavelmente a Justiça não vai querer interferir. O nosso enfoque é o controle de comportamentos, e não a investigação de conteúdos. O controle de comportamentos envolve muitas vezes enfrentar milícias organizadas de forma hierarquizada, concertada e financiada, que replicam comportamentos de ódio, de disseminação de mentiras. É isso que nós pretendemos combater.”
– A urna eletrônica pode ser foco de contágio? “Não há essa possibilidade, risco zero. O eleitor vai chegar à urna higienizado e depois que usar a urna vai higienizar as mãos de novo. A mão já chega limpa. E a recomendação é, evidentemente, não levar a mão aos olhos ou à boca durante esse processo e tem que estar de máscara.”
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O Globo
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