Brigadistas do Ibama recolhem animais queimados em meio a queimada na Floresta AmazônicaPoucas horas após anunciar a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento e às queimadas no país, o Ministério do Meio Ambiente voltou atrás na decisão nesta sexta-feira (28/08). Em nota, a pasta comunicou que houve desbloqueio dos seus recursos. O bloqueio estava na origem do anúncio da paralisação das atividades.
"O Ministério do Meio Ambiente informa que na tarde de hoje houve o desbloqueio financeiro dos recursos do Ibama e ICMBio e que, portanto, as operações de combate ao desmatamento ilegal e às queimadas prosseguirão normalmente", afirma a nota.
O anúncio foi feito após o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, ter declarado que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, havia se precipitado ao anunciar a suspensão do combate ao desmatamento. O vice também afirmou que não haveria paralisação nas operações nem o bloqueio do orçamento destinado a esse fim.
O Ministério do Meio Ambiente anunciou nesta sexta-feira a suspensão de todas as operações de combate ao desmatamento e às queimadas no país. A decisão teria sido tomada após um bloqueio de verbas do órgão determinado pela Secretaria de Orçamento Federal.
Em nota, o ministério afirmou inicialmente que o bloqueio atingia cerca de R$ 20,9 milhões do orçamento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), responsável pela fiscalização ambiental, e R$ 39,7 milhões das verbas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Diante da repercussão negativa, Mourão foi o primeiro integrante do governo a negar a decisão. "O governo está buscando recursos para o auxílio emergencial. Cada ministério dá sua contribuição. Mas o ministro se precipitou. Não vão ser bloqueados os R$ 60 milhões de Ibama e ICMBio", disse.
Pouco tempo depois, o próprio Ministério do Meio Ambiente confirmou em nota o desbloqueio dos recursos e o fim da paralisação das operações.
O Brasil enfrenta críticas no exterior devido à política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro.
No episódio mais recente, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, afirmou pela primeira vez ter "sérias dúvidas" sobre a implementação do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul devido ao aumento do desmatamento na Amazônia. Ela teria ainda dito numa reunião com ativistas que não assinaria o acordo em sua forma atual.
O acordo de livre-comércio entre a União Europeia e Mercosul, assinado em julho do ano passado, vem enfrentando resistência cada vez maior na Europa, devido sobretudo à política ambiental do governo brasileiro.
Os parlamentos de Áustria, Holanda e o da região da Valônia, na Bélgica, já anunciaram que não darão seu aval ao acordo. A ratificação do pacto também encontra resistência na França, na Irlanda e em Luxemburgo. A alta nos números do desmatamento da Amazônia no ano passado é um dos fatores que levaram europeus a se posicionarem contra o acordo.
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CN/ots
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