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Atualidades

Série de reportagens sobre a Amazônia no Le Monde revela crimes e ameaças à maior floresta do mundo

A reportagem começa em Altamira, no estado do Pará, onde foram registrados os locais onde teve início a construção da Transamazônia

As árvores ao lado de uma área queimada, à esquerda, da floresta tropical amazônica em Prainha, estado do Pará, BrasilO jornal Le Monde realiza, esta semana, uma série de seis reportagens sobre a Amazônia. Enviados especiais do jornal, os repórteres Bruno Meyerfeld e Tommaso Protti passaram quatro semanas na região amazônica brasileira registrando o ecossistema ameaçado pelo desmatamento, pelo tráfico, pelo garimpo e outros crimes.

A reportagem começa em Altamira, no estado do Pará, onde foram registrados os locais onde teve início a construção da Transamazônia, rodovia arquitetada na década de 1970 para ligar o Norte ao restante do país. A partir deste fato, o jornal relembra os anos de ditadura no Brasil e situa a Amazônia no centro do projeto desenvolvimentista dos militares.

Em seguida, a reportagem continua pela Transamazônica até Uruará, um município onde, na paisagem, não há mais floresta. As árvores foram cortadas para dar lugar ao pasto para o gado: na cidade são 45 mil habitantes e 350 mil bovinos.

Segundo a reportagem, Uruará prospera graças ao agronegócio, mas o local está longe de registrar um crescimento ordenado. Em 30 anos, 42 milhões de hectares de floresta - uma área maior que a da Alemanha - foram transformados em pastagens.

Garimpo ilegal

Na terceira reportagem da série, o destaque é a cidade de Jacareacanga, onde os rios e a floresta estão morrendo, poluídos pelo garimpo ilegal que atrai diariamente dezenas de exploradores de todo o Brasil. Os igarapés do rio Tapajós, um dos mais bonitos da região amazônica, estão poluídos, contaminados pelo mercúrio usado para a retirada do ouro. A substância, aquecida com o maçarico pelos garimpeiros, evapora em uma fumaça tóxica, que se espalha na natureza.

A série de reportagens segue ainda para Apuí, cidade ultraconservadora que conta com mais de 30 templos evangélicos. O município, com população grande apoiadora do presidente Jair Bolsonaro, não tem altos índices de violência, mas ainda assim pede a liberalização do porte de armas de fogo.

Na reserva indígena dos Tenharins, o tráfico de madeira 

Por fim, ainda seguindo pela Transamazônica, a reportagem apresenta a situação de calamidade em que vivem os indígenas na região. A tribo Tenharins foi, em grande parte, dizimada durante a construção da rodovia e os que restam enfrentam – ou fazem parte - da exploração ilegal de madeira. Segundo o Le Monde, na cidade de Santo Antônio de Matupi, as terras de preservação desses povos são as maiores fornecedoras de ipês, massarandubas e outras árvores nobres.   

Um dos indígenas entrevistado acusa os brancos pela situação em que se encontram. “A culpa é deles! O Estado não está cumprindo seu papel. Hoje, sem a venda de madeira, todos passariam fome. Antes de criticar, é preciso encontrar uma alternativa viável”, disse.

 

RFI