Equipamentos comprados pelo estado do Pará durante o desembarque em BelémNão foi uma nem duas vezes que o presidente Bolsonaro (sem partido) falou que a PF dele iria pra cima dos governadores investigar possíveis irregularidade na gestão do dinheiro destinado ao combate ao novo coronavírus. O presidente falava sem constrangimento: "Minha PF vai pra cima de quem fizer besteira”, como se os federais estivessem a serviço de um governante ocasional e não do estado brasileiro.
Segundo analistas políticos, a ação seletiva da PF de Bolsonaro revelaria que o presidente não está preocupado em combater a corrupção, e que seu real interesse seria perseguir os governadores que se opõem ao seu modus operandi no enfrentamento à covid-19: Bolsonaro minimiza a pandemia, defende o fim das medidas de distanciamento social e insiste na abertura da economia a qualquer preço – “Alguns vão morrer, lamento, é a vida”, disse o presidente demonstrando descaso pelas milhares de vítimas da pandemia.
Segundo fontes do governo estadual, essa utilização política da PF pelo governo federal explicaria, pelo menos em parte, a operação “Para Bellum”, que investiga supostas irregularidades na compra de respiradores hospitalares pelo estado do Pará. A participação do PF nesse episódio teria causado estranheza, primeiro pela sobreposição de competências em relação a Polícia Civil, que seria, em princípio, a responsável pela investigação, já que o dinheiro pertencia aos cofres do estado e não da União. E também porque, tão logo foi detectado que os equipamentos que chegaram ao estado não eram os modelos encomendados pelo Secretaria de Saúde (SESPA), o governador Helder Barbalho (MDB) tomou todas as providências cabíveis e necessárias que o caso exigia, o que resultou na recuperação integral dos R$ 25 milhões pagos antecipadamente como garantia da compra.
Pelas redes sociais, Helder enumerou todas as medidas tomadas pelo governo na compra dos respiradores. Segundo o governador, “tudo o que o estado pode fazer para resguardar ou erário foi feito”, ressaltou.
As medidas foram as seguintes:
1 - Pagar um preço mais baixo no país pelo mesmo modelo;
2 - Empresa queria 100% antes, conseguir pagar apenas entrada, com 50% no ato da entrega;
3 – Equipamentos eram homologados pela Anvisa e empresa chancelada pela Embaixada da China;
4 - Constatamos a falha, não usamos os equipamentos;
5 – Demos total transparência ao assunto e fomos nós a divulgar a falha nos equipamentos;
6 - Abrimos investigação na Polícia Civil, que está em curso;
7 – Conseguimos bloqueio de bens e apreensão de passaportes de empresários e empresas para resguardar o erário;
8 - Conseguimos acordo para devolução do dinheiro;
9 – Empresa devolveu dinheiro ao Governo do Pará;
10 – Governo suspendeu outros pagamentos que a empresa teria a receber;
11 – Fora a devolução, Governo reteve 1,6 milhões da empresa e pede na justiça que seja considerado ressarcimento por danos morais coletivos.
18/11/2024 | 20:24
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